segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ARGENTINA: SECA REDUZ SAFRA 09/10.

O cenário para a produção do trigo na Argentina piorou com a prolongada estiagem no País, situação que afeta diretamente o Brasil, principal comprador do cereal do vizinho. A projeção inicial para a colheita 2009/10 de oito milhões de toneladas foi revisada para baixo. Segundo o economista da Confederação Inter-cooperativa Agropecuária (Coninagro), Daniel Asseff, a Argentina produziria somente 6,5 milhões de toneladas de trigo. O volume é suficiente para cobrir a demanda interna calculada entre 5,5 a 6 milhões de toneladas anuais, mas não deixa saldo para exportar.
As regiões do Noroeste argentino e do Norte, especialmente nas Províncias de Santa Fe e Córdoba, são as mais comprometidas pela falta de chuvas. Os técnicos das secretarias de Agricultura destas províncias calculam que os produtores de trigo vão deixar de ganhar cerca de US$ 207 milhões. A colheita da soja também cairia das 52,5 milhões de toneladas projetadas para 48 milhões de toneladas. "O estresse hídrico", como a seca é chamada pelos engenheiros agrônomos, é o principal problema que afeta a safra argentina desde o ano passado. "A combinação da falta de umidade das terras no momento de semear com a ausência de chuvas durante o período de crescimento dos cultivos provoca o menor rendimento das plantações", explicou Asseff. No ano passado, o País viveu a pior estiagem dos últimos 40 anos.
Segundo os especialistas, essa situação ainda não melhorou. Assef disse que agora que os produtores estão iniciando a colheita no norte do País é possível projetar um cenário de menor produção, mas ressalta que o resultado "pode ser ainda pior se a estiagem continuar", ressaltou.
Retrocesso - Até sexta-feira passada, o levantamento realizado semanalmente pela Bolsa de Cereais apontava para um avanço de 85% da colheita de trigo na região do Noroeste, chamada de NOA (Salta, Jujuy, Santiago del Estero, Catamarca e Tucumán), a primeira a ser plantada. Dos 250 mil hectares implantados, 25 mil já estão perdidos por causa da seca, ou seja, 10% da plantação da região. O rendimento também caiu 18% em comparação com a safra anterior, conforme o relatório.
No centro e norte da Província de Santa Fe, a diminuição da superfície plantada foi de 84%. Com quase 30% da colheita realizada até o momento, o rendimento se mostra 74% abaixo do registrado no ano anterior. "Isso implica em um retrocesso de 96% da produção desta zona", calculou a analista Silvina Campos, da Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentação Agropecuária (AACREA).
O governo socialista de Hermes Binner, da Província de Santa Fe, afirma que a situação é "muito complicada", segundo explicou o secretário de Agricultura, Carlos Sartor. "Além das perdas com o trigo, tivemos produtividade zero com a colheita do girassol porque a planta teve um florescimento prematuro e não chegou a dar semente", reclamou. Sartor contou que na falta de pasto para o gado, "na maioria das fazendas, os produtores soltaram os animais e deixaram que eles comessem as plantas de girassol".
Em Córdoba a situação não foi diferente. A estiagem chegou ao limite de provocar escassez de água potável para a população. Segundo a secretaria de Agricultura cordobesa, foram implantadas somente 159 mil hectares de trigo nesse ano. O número significa 500 mil hectares a menos que na última safra. Levantamento oficial desta área mostra que somente 30% da plantação de trigo estão em "boas" condições, enquanto que 40% estão "regulares", e os 30% restantes estão praticamente perdidos.
Os técnicos ainda têm esperanças de que as chuvas voltem a cair para que o prejuízo não seja maior. Alguns analistas também consideram que "é prematuro" estimar uma produção total de trigo em muito menos que 8 milhões de toneladas. "As zonas mais significativas de trigo estão na Província de Buenos Aires, onde tem chovido o suficiente para manter a previsão de entre 7,8 a 8 milhões de toneladas, por enquanto", disse o analista da consultoria Agritrend, Gustavo López.O analista calcula que o Brasil poderia chegar a comprar uns dois milhões de toneladas de trigo no próximo ano. "Cerca de 1,5 milhão de toneladas de estoque desse ano será levado para 2010, e se tivermos, na pior das hipóteses, uma colheita de 7,5 milhões de toneladas, 6,5 milhões serão destinadas ao consumo interno, 500 mil vão ficar no estoque, e dois milhões serão vendidos", projetou López. Além disso, continuou, o governo já acertou com os exportadores a liberação desse volume para as vendas externas.
Independentemente das projeções, o setor admite que as exportações de trigo estão afetadas há tempos. "O país perde posições no mercado internacional como fornecedor confiável de trigo, especialmente no Brasil, que já teve que comprar trigo do Canadá para substituir o argentino", reconheceu Ernesto Ambrosetti, economista chefe do Instituto de Estudos Econômicos da Sociedade Rural.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog

Quem sou ?

Minha foto
SÃO PAULO, CAPITAL, Brazil
CORRETOR DE COMMODITIES.

whos.amung.us

contador de visitas