sexta-feira, 9 de outubro de 2009

SOJA: BRASIL DEVE PERDER ESPAÇO NO MERCADO MUNDIAL.

O Brasil deve perder participação no mercado mundial de soja, principal componente da pauta de exportações. É o que aponta relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) com perspectivas para a safra 2009/10. De acordo com o USDA, os embarques brasileiros do grão devem cair 26,8%, para 23,65 milhões de toneladas. O número é inferior ao estimado em setembro - de 24,45 milhões de toneladas. Com isso, o Brasil deve ver sua fatia de mercado cair dos quase 39%, da última temporada, para pouco mais de 30%. O cenário deve-se principalmente à perspectiva de recuperação da produção na Argentina após um ano de forte queda. Segundo o USDA, o país vizinho deve colher uma safra de 52,5 milhões de toneladas, 64% maior do que a apurada na última campanha, quando as lavouras foram castigadas por uma das piores estiagens em décadas. Se a previsão se confirmar, os argentinos devem embarcar 9,7 milhões de toneladas do grão in natura, o que corresponde a 12,46% das exportações totais mundiais. Em 2008/09, foram apenas 5,9 milhões de toneladas, ou 7,6% do total. Maior exportador mundial, os Estados Unidos devem aumentar apenas marginalmente sua participação de mercado. Com uma safra recorde, estimada em 88,45 milhões de toneladas, os americanos devem exportar 35,52 milhões de toneladas na nova safra, o que corresponde a 45,62% das exportações totais. Trata-se de um aumento pequeno em relação à temporada passada, quando os embarques somaram 34,84 milhões de toneladas ou 45,28%. De modo geral, o USDA prevê que o mundo terá um cenário bem mais confortável do ponto de vista da oferta em 2009/10. A produção deve registrar um crescimento de 16,8% e atingir a marca recorde de 246,07 milhões de toneladas, número também superior à estimativa anterior, de 243,94 milhões. Em contrapartida, o consumo total mundial não deve crescer mais do que 5,3%, para 231,62 milhões de toneladas. Com isso, o órgão revisou para cima, de 50,53 milhões para 54,79 milhões de toneladas, sua projeção para os estoques de passagem. Se for confirmada, serão 12,74 milhões de toneladas de soja a mais do que na temporada passada. Os estoques são suficientes para cobrir 85,1 dias de consumo ou 23% da demanda total anual. Trata-se da maior proporção desde a safra 2006/07, quando atingiu o nível recorde de 25%. Na última temporada, por exemplo, os estoques podiam cobrir apenas 69 dias ou 19% da demanda total. China - Principal motor do crescimento da consumo nos últimos anos, a China deve reduzir suas importações na safra 2009/10. De acordo com o USDA, o país deve importar 39,5 milhões de toneladas de soja, cerca de 1 milhão de toneladas a menos do que na última temporada. A redução é atribuída à política de acumulação de estoques ao longo da última temporada. Segundo o USDA, os chineses começaram o ano-safra com quase 8,7 milhões de toneladas de soja em seus armazéns, mais do que o dobro do volume apurado na temporada anterior. Para Daniel d'Ávila, analista de grãos da corretora Newedge USA, em Nova York, os números apresentados hoje pelo USDA desenham um cenário baixista para os preços. "Se isso se concretizar, acredito que os preços poderiam até voltar para o patamar histórico em torno de US$ 6 o bushel, o que seria muito ruim para o produtor brasileiro". Segundo o analista, o agricultor não consegue fechar as contas com uma soja abaixo de US$ 9 e um dólar a US$ 1,70. "O que poderia impedir esse recuo é a procura de especuladores por commodities para se proteger do dólar fraco nos Estados Unidos, o que fortaleceu o mercado nos últimos dias", previu. Segundo d'Ávila, o câmbio valorizado, somado aos custos logísticos, está tirando competitividade dos produtores brasileiros. "O valor do dólar é um problema enorme, porque encarece a soja brasileira e barateia a soja americana", sinaliza. O consultor de gerenciamento de risco da corretora FC Stone, em Campinas, Glauco Monte, acha que esse cenário de preço é improvável. "Se tudo de fato correr bem com as safras nos Estados Unidos e na América do Sul, certamente não teremos preços tão bons quanto no ano passado. Podemos até ter preços abaixo do custo de produção no Brasil, mas não dá para pensar em soja a US$ 6 o bushel porque a realidade de mercado é outra", afirmou. Para ele, o mercado deve oscilar numa banda entre US$ 8,5 e US$ 10 o bushel.

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