quarta-feira, 28 de outubro de 2009

SOJA/EUA: POUCA OFERTA ELEVOU MARGENS.

A redução na oferta de soja nos últimos dois meses nos Estados Unidos provocou um aumento significativo nas margens de processamento do grão, mas, a partir de agora, é a demanda que vai determinar se esses valores continuarão elevados. A margem de esmagamento é a diferença entre o preço pago pela indústria na compra da soja em grão e o valor da venda de seus derivados, óleo e farelo. "As margens estiveram muito amplas em setembro, mas devem voltar para níveis normais quando a colheita avançar", afirmou Darrel Good, especialista em comercialização da Universidade de Illinois. O volume de soja processada pela indústria norte-americana em setembro, primeiro mês da safra 2009/10, foi o menor em 12 anos para o período: 114 milhões de bushels (3,1 milhões de toneladas). O consumo aparente naquele mês também foi o menor desde 1997, disse Good. Os amplos estoques de soja, farelo e óleo na indústria processadora denotaram a fraqueza na demanda, observou. Essa situação deve reduzir as margens já que, espera-se, a oferta da nova soja aumente em outubro e nos meses à frente. O spread de esmagamento (diferença de preços) nos contratos novembro (grão)/dezembro (farelo) da Chicago Board Of Trade está perto de US$ 0,72 por bushel. Na bolsa, essa diferença esteve entre US$ 0,67 e US$ 0,73 nos últimos dois meses, enquanto no mercado físico o spread se aproximou de US$ 1 por bushel, comentou Dan Basse, presidente da AgResource Co., chamando atenção para a diferente situação vivida no mercado futuro e no físico. Segundo Basse, as unidades de processamento de algumas regiões nos EUA estão vendendo farelo de soja a preços US$ 20 por tonelada acima da cotação negociada na CBOT. Isso porque que a indústria tem tido problemas para produzir farelo com alto teor de proteína a partir da soja úmida que tem sido colhida neste início de safra. A qualidade da soja norte-americana é incerta após seis semanas de chuvas quase ininterruptas nas áreas produtoras, disse Thomas Hammer, executivo-chefe da Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas (Nopa). "Inicialmente, imaginávamos uma produção 2009/10 recorde e com bom teor de proteína, mas a chuva continua e os produtores não conseguem colher as lavouras", comentou. No lado industrial também há problemas. "As processadores têm dificuldade para esmagar grãos com teor de umidade acima de 12% (nível ideal)", acrescentou. Os preços mais altos dos derivados de soja permitirão que a indústria continue esmagando soja, contanto que a demanda siga constante, disseram analistas do setor. O consumo será o principal fator de influência das margens. Isso, contudo, não poderá ser verificado de imediato, mas ao longo dos meses. Para Dan Cekandar, analista da Newedge, em Chicago, as exportações de farelo de soja serão cruciais na variação das margens. "As vendas externas terão que melhorar para compensar a fraca demanda doméstica", argumentou. "Embora os números do segmento de frango sejam bons, o consumo em todo o setor pecuário está em queda, particularmente nos suínos; e a demanda deve continuar assim por causa da rentabilidade baixa", acrescentou. O farelo de soja é um dos componentes mais usados na fabricação de ração animal no país. Já o óleo de soja representa 80% do consumo de óleos comestíveis nos Estados Unidos. Na indústria, o farelo de soja é o principal derivado do esmagamento. Cada bushel de soja rende cerca de 47 libras-peso de farelo e 11 libras-peso de óleo. Desta forma, o produto é mais afetado pelas variações do preço da soja que o óleo, além de ser mais rapidamente perecível que o grão e o óleo. Por isso, a demanda é crucial para o preço. Mas, neste momento, as processadoras têm trabalhado mais pela produção do óleo na medida porque a fatia que o preço do produto representa no valor total da soja deve crescer para 41% a 43% até a entrada do grão do Brasil e da Argentina no mercado, afirmou Dan Basse. Essa fatia estava em 39,42%, base dezembro, no fechamento da CBOT ontem. "O esmagamento de soja nos Estados Unidos deve continuar firme até o Valentine's Day (14 de fevereiro), período em que os EUA são os únicos fornecedores desse mercado", disse. Quando a soja de Brasil e Argentina estiver disponível, a concorrência aumentará. Todos - Brasil, Argentina e Estados Unidos - deverão colher safras recordes em 2009/10.

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