sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

ETANOL/EUA: MAIOR PRODUÇÃO PUXARÁ PREÇOS DO MILHO.

Problemas na economia dos Estados Unidos e indicadores de safras com tamanho recorde derrubaram os preços do milho recentemente, 20% em relação ao pico de 2009, mas analistas afirmam que o movimento é apenas um recuo temporário na medida em que a economia se recupera e a demanda por etanol apresenta fundamentos confiáveis. Em nota, analistas do Commerzbank disseram que "cerca de um terço da produção doméstica de milho dos Estados Unidos está sendo usada para produção de etanol, e esse volume deve se expandir ainda mais". Sendo assim, "isso deverá puxar os preços". Nos Estados Unidos, o etanol é feito principalmente de milho, uma vez que o país é o maior produtor e exportador mundial. Utiliza-se o biocombustível na mistura com a gasolina.
O editor de combustíveis refinados da Telvent DTN, Brian Milne, observou que "neste ano, 12,95 bilhões de galões de combustíveis renováveis estão no mandato para utilização em outros combustíveis vendidos nos Estados Unidos; mais do que os 11,1 bilhões de galões de 2009". Embora esse dado não corresponda apenas ao etanol, "a demanda por etanol continuará crescendo com o mandato, que vai até 2022".
A utilização de milho para produção de etanol já cresceu aproximadamente cinco vezes desde o ano 2000, para 3,6 bilhões de bushels em 2008 (91,44 milhões de toneladas), de acordo com a Associação Nacional de Produtores de Milho, que usou dados preliminares para 2008. Não faz muito tempo que a demanda por etanol crescia mais rápido do que a demanda por milho, ameaçando - e talvez conseguindo - puxar os preços do milho e de seus produtos, inclusive ração animal, para níveis pouco razoáveis. Os combustíveis renováveis "deram passos maiores que as pernas em 2008, para a opinião pública, quando a gasolina estava acima de US$ 4 o galão e a corrida pelos biocombustíveis ocorreu", disse o analista Chris Kraft, presidente da CKFutures.com. "Combustíveis fósseis caros levaram a uma maior demanda por etanol, que resultou em preços historicamente altos para os grãos e, por sua vez, tornou o etanol tão caro quanto a gasolina."Em 2009, o preço milho continuou sendo sustentado por expectativas de maior demanda por etanol, assim como por condições difíceis de plantio e colheita naquele ano - "muita chuva foi seguida por frio e neve, antes que toda a safra fosse colhida", disse Milne.A expectativa de uma grande safra se combinou com a virada da economia norte-americana e a queda dos preços do petróleo. Esses fatores removeram o suporte aos preços. Em 12 de janeiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou suas estimativas para a safra de milho do país em 2% ante a leitura feita em novembro, para um volume recorde de 13,2 bilhões de bushels (335,28 milhões de toneladas). Esse montante é 1% maior do que o recorde anterior, definido em 2007, de acordo com relatório do USDA.
Os preços mergulharam mais de 7% no dia da divulgação do relatório e registraram declínio em 8 das 11 sessões seguintes. Em nota, a corretora e pesquisadora Linn Group afirmou que "o milho foi a menina dos olhos dos fundos e o foco de realocação de capital, na primeira semana de janeiro". Mas com o último relatório de produção e consumo do USDA, "essa história evaporou". A Linn Group prevê "um ano de deterioração dos preços do milho, de modo que apenas os fortes preços de energia ajudarão a estabilizar esse mercado em níveis razoáveis".
De acordo com o Deutsche Bank, neste ano o milho foi a commodity que registrou os retornos mais fracos entre os principais produtos, com -10,3% até 22 de janeiro. Na Bolsa de Chicago (CBOT), os preços futuros do milho caíram da máxima de US$ 4,50/bushel, em junho de 2009, para a casa dos US$ 3,60/bushel nos últimos dias. Neil Koehler, presidente e diretor executivo da empresa Pacific Ethanol Inc, que produz e comercializa etanol de baixo carbono, declarou que "os fundamentos da indústria de etanol melhoraram significativamente durante os últimos seis meses".
As margens de processamento do quarto trimestre, a relação entre milho e etanol, foram "melhores do que a média dos últimos dois anos", disse Koehler. "Oferta e demanda estão em equilíbrio relativo" e, em 2008, a indústria teve o maior crescimento de capacidade já visto, promovendo um excesso de oferta sobre a demanda. Ele acrescentou que, com a atual expectativa de receber a maior safra da história, "o cenário para os produtores de milho e etanol parece bom durante o próximo ano". "Há mais milho do que o suficiente, nos Estados Unidos e no mundo, para atender aos usuários finais de milho e suportar uma maior produção de etanol neste ano e nos próximos", opinou.

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