segunda-feira, 26 de abril de 2010

REDUÇÃO DO PREÇO MÍNIMO COLOCA POLÍTICA AGRÍCOLA EM XEQUE.

A proposta de redução do preço mínimo de garantia do milho em Mato Grosso defendida pelo Ministério da Fazenda, que conta com apoio do diretor de política agrícola e informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Silvio Porto, abre uma discussão sobre a eficácia dos instrumentos que dispõe o governo para incentivar a produção de grãos no País, ante a queda das cotações internacionais, como ocorreu no ano passado, e o câmbio sobrevalorizado, que dificulta a exportação dos excedentes.A justificativa para a revisão dos preços seria evitar a "desmoralização" da política agrícola, uma vez que o governo não consegue assegurar o recebimento dos preços mínimos, apesar de ter concedido recursos para apoiar a comercialização de 67,2% da produção de trigo, 65,3% do algodão e 21,3% do milho. Os gastos com o apoio à safra de grãos somaram R$ 3,2 bilhões.
Esta encruzilhada em que o governo se encontra pode ser uma oportunidade para repensar a política agrícola que vem sendo adotada nas últimas décadas. Em ano eleitoral, dificilmente o governo vai assumir o desgaste político de uma medida que desagradará as lideranças rurais, que já reclamam do fato de os preços mínimos não cobrirem os custos de produção.
No trabalho denominado "A necessidade de uma nova política de comercialização agrícola", a pesquisadora Júnia Cristina Peres R. da Conceição, do Instituto de Pesquisa em Economia Aplicada (Ipea), comenta que, num contexto de globalização e integração econômica, iniciativas autônomas, em que um país tenta implementar programas setoriais sem levar em consideração as novas regras e os acordos de comércio internacional, estão mais do que nunca fadadas ao fracasso.
Na opinião da pesquisadora, preços mínimos exageradamente altos poderão estimular importações de países concorrentes, "de sorte que o governo federal estará garantindo preços tanto aos produtores domésticos como estrangeiros". Ela pondera que a abertura comercial pode tornar atraente a exportação na safra (em vez do armazenamento interno) para importar mais tarde, na entressafra. "São exemplos em que se desfaz o convencional padrão sazonal de variação de preços, básico para a eficácia das políticas tradicionais de estabilização de preços agrícolas."

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