quinta-feira, 10 de março de 2011

SOJA/MS: CHUVA REDUZ PRODUÇÃO EM 30%.

As fortes chuvas dos últimos dias em Mato Grosso do Sul provocaram uma quebra de 30% nas lavouras de soja que estavam em ponto de colheita e os prejuízos podem chegar a R$ 1,5 bilhão. As estimativas preliminares são da Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), que até amanhã deve concluir levantamento mais detalhado junto aos sindicatos rurais dos municípios atingidos.
Lucas Galvan, assessor técnico da Famasul, diz que a produção estadual de soja deve ficar em 4 milhões de toneladas, com perda de 1,5 milhão de tons em relação às 5,5 milhões de toneladas estimadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ele observa que, além da quebra de safra, o produtor também enfrenta prejuízo na entrega da soja nos armazéns das tradings, que estão aplicando descontos de até 60% no preço da mercadoria, em função da baixa qualidade do produto. "Quem consegue desconto de 30% dá pulo de alegria", diz ele.
Segundo Galvan, os descontos são aplicados por causa do excesso de umidade e problemas de germinação, grãos ardidos e presença de fungo. Como a maioria das lavouras está em ponto de colheita e chuvas não dão trégua, os produtores estão colhendo o produto com 30% a 40% de umidade, nível acima do ponto ideal dos 15% a 18%. O problema é mais grave no norte do Estado, onde as perdas nas lavouras de soja superam 50%. A Famasul cita dados oficiais que indicam perdas de até 60% em São Gabriel d'Oeste. Julio Cesar Botolini, presidente do sindicato rural do município, contabiliza perdas na soja de até 3 milhões de toneladas.
Os produtores de Mato Grosso do Sul também estão enfrentando dificuldades para concluir o plantio do milho safrinha. Lucas Galvan estima que até agora apenas 50% do milho safrinha foi semeado. O Ministério da Agricultura prorrogou o prazo de plantio do milho safrinha para efeito de acesso ao financiamento e cobertura do seguro até o dia 20/3, mas os produtores temem não conseguir concluir os trabalhos no período. Galvan lembra que os riscos para o milho aumentam, por causa da possibilidade de geadas no final do ciclo e falta de chuvas na fase de desenvolvimento das lavouras norte.
Os municípios da região Norte do Estado foram os mais prejudicados, com perdas acima de 50% da área plantada. Boletim técnico a partir de informações da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), escritórios de planejamento rural, Prefeitura Municipal e Sindicato Rural de São Gabriel d'Oeste aponta perdas de 60% da soja. "São três milhões de sacas perdidas", contabiliza o presidente do Sindicato Rural do município, Julio Cesar Bortolini. E como se não bastasse os prejuízos com a soja, os produtores temem pelo plantio do milho safrinha, produzido na mesma área, cujo prazo de zoneamento estendido pelo Ministério da Agricultura vai até o próximo dia 20.
A Famasul está recomendando aos agricultores que façam laudos técnicos para mensurar a perdas. Os dados serviram de base para embasar a decretação de situação de emergência nos municípios atingidos, o que possibilita aos produtores renegociar dívidas. Nos próximos dias o presidente da Famasul, Eduardo Riedel, irá se reunir com representantes de traders e instituições financeiras, na tentativa de uma solução conjunta para amenizar as perdas e medidas para amparar os produtores. "O setor da agricultura funciona em cadeia. Em situação de perdas como essa, os danos atingem todos os elos do setor", diz Riedel.
Emergência - Os municípios de Anastácio e Dois Irmãos do Buriti já decretaram estado de emergência em função dos prejuízos provocados pelas chuvas. Os municípios de Coxim, Aquidauana e Paranaíba devem decretar a medida nesta semana. Segundo dados da Defesa Civil, 67 mil pessoas estão desabrigadas e ou desalojadas nas áreas urbana e rural destes municípios. Rio Verde, Ribas do Rio Pardo, Maracaju, Dourados, São Gabriel, Rio Brilhante e Sidrolândia, que tiveram perdas nas lavouras, também devem decretar estado de emergência.

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