terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CÂMBIO ANIMA AGRONEGÓCIO, MAS PREÇO ANULA RECUPERAÇÃO.

A reação do câmbio anima o agronegócio, que vê maior competitividade na exportação. Entretanto, os efeitos da alta recente do dólar ainda não foram sentidos ou acabaram anulados pela queda de preço das commodities em janeiro. É o caso do café e da soja. Para alguns setores, como o de carnes, o dólar - que chegou a R$ 1,89 e hoje caiu a R$ 1,83 - ainda não é o ideal. "Com a taxa de câmbio acima de R$ 2,00, você começa a ter uma reação mais significativa, até psicológica", diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Gianetti da Fonseca.
Para o setor exportador de café, a alta cambial foi anulada pela queda das cotações dos contratos futuros na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Ao longo do mês passado, a moeda norte-americana apresentou valorização de 8%. No mesmo período, porém, o contrato futuro de café para março, o mais negociado, teve queda de 7%, recuando de 141,85 cents por libra-peso para 131,70 cents por libra-peso. A pesquisa semanal Focus, do Banco Central, mostra que a mediana das previsões para a taxa média de câmbio no decorrer de 2010 é de R$ 1,78. Principal item da pauta de exportação do agronegócio, a soja tem os preços pressionados no mercado interno. Na Bolsa de Chicago onde se forma o preço de referência internacional da commodity, os contratos futuros da oleaginosa para entrega em maio caíram mais de US$ 1,20 (-12,2%) em janeiro, para US$ 9,24 o bushel ou US$ 20,3 a saca de 60 quilos.Os preços domésticos da soja desabaram, em média, 15% nas principais praças de negociação.
O analista Leonardo Menezes, da consultoria mineira Céleres, afirma que há um efeito gangorra no mercado da oleaginosa. "De um lado, o dólar sobe e ajuda a sustentar os preços domésticos. Do outro, os preços internacionais caem e exercem um efeito contrário", explica. A pressão sobre as cotações internas é agravada pelo início da colheita de uma safra recorde no Brasil. "Embora ainda positivos, os prêmios pagos ao produtor estão se deteriorando diante da expectativa de uma oferta realmente grande", observa.
Steve Cachia, analista da corretora paranaense Cerealpar, reforça: "Não fosse a reação do dólar, mercado interno teria sido ainda mais afetado", assegura. O analista também chama a atenção para o fato de que as razões que levaram o dólar a se valorizar foram as mesmas que ajudaram a derrubar os preços internacionais de várias commodities, o que contribuiu para anular os efeitos positivos de um câmbio mais fraco no Brasil. "É claro que a produção recorde pesa, mas a queda da soja em Chicago também é o resultado de um movimento da maior aversão ao risco entre os investidores", observa Cachia. "Se fizermos uma correlação, veremos que ações, commodities e moedas de países emergentes caíram, e apenas o dólar subiu em janeiro. Os analistas não acreditam que, por ora, o movimento do câmbio tenha efeito significativo sobre as exportações do grão.
O analista especializado no setor de alimentos Rafael Cintra, da Link Investimentos, ressalta a importância da estabilidade da taxa de câmbio para as exportações de carnes. "A volatilidade do câmbio é o que mais prejudica os exportadores, que não conseguem repassar o movimento do dólar para os preços internacionais com rapidez. Fica difícil o planejamento. Mas, se a taxa de câmbio permanecer no patamar atual, poderá provocar algum efeito positivo sobre as exportações mais para frente", afirma. Para o diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, "o câmbio ao redor de R$ 1,85 não é nada extraordinário, mas é melhor do que o R$ 1,70 anterior e pode ajudar na retomada das exportações".
A analista Lygia Pimentel, da Scot Consultoria, diz que o principal fator de influência sobre as vendas externas de carnes é a recuperação da economia internacional, que estimula a demanda, mas destaca que o câmbio pode ter alguma influência positiva. "O dólar mais valorizado tende a ajudar, pois torna a carne brasileira mais competitiva, mas não é o principal fator de estímulo às exportações. Se a demanda aumentar de forma significativa, os importadores vão procurar o Brasil, independente do câmbio. Não tem mais como fugir da carne brasileira", afirma.

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