segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

COMMODITIES TÊM MAIOR QUEDA MENSAL DESDE OUTUBRO DE 2008.

Pressionado pelo pessimismo que tomou conta dos investidores nas últimas semanas, o preço médio das commodities registrou em janeiro a maior queda desde outubro de 2008, um dos períodos mais críticos da crise desencadeada pela quebra do banco americano Lehman Brothers. Contudo, analistas acreditam que a queda deve-se principalmente a fatores sazonais e a preocupações de curto prazo.
No mês passado, o índice Reuters-Jefferies CRB, que apura o desempenho de uma carteira composta por combustíveis, metais e produtos agrícolas, cedeu 6,28% - primeiro resultado negativo desde agosto do ano passado. A carteira de grãos do fundo de índice Dow Jones-UBS liderou as perdas em janeiro, com desvalorização de 13,14%, seguido pelo conjunto dos metais industriais (-8,76%) e de energia (-8,21%). Em linhas gerais, a queda das commodities pode ser explicada pela maior aversão dos investidores a ativos de risco diante de um cenário econômico mais nebuloso do que o observado nos meses anteriores. As dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia americana, a ameaça de maior regulação sobre os bancos, o risco de falência da Grécia e de outros países periféricos da Zona do Euro e, finalmente, os sinais de que o governo da China vai restringir a oferta de moeda penalizaram não apenas as commodities mas também os mercados acionários - em janeiro, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York cedeu 3,46%, primeiro resultado negativo desde junho e o pior desde fevereiro do ano passado.
O contrapeso desse movimento foi a valorização do dólar, que alcançou na semana passada a maior cotação desde agosto em relação a uma cesta composta pelas moedas dos seis principais parceiros comerciais dos Estados Unidos. Considerado um porto seguro em períodos de incerteza, o dólar, mais forte, exerce um efeito particularmente negativo sobre as commodities. Quando a moeda americana se valoriza, as matérias-primas denominadas em dólar ficam, na prática, mais caras para quem opera com euro, por exemplo. Por isso, a tendência é de que o preço nominal recue para se ajustar ao poder de compra dos importadores. Esse efeito é levado em conta pelos fundos que investem em commodities. Muitos deles compram commodities como um instrumento de proteção (hedge) contra a desvalorização do dólar. Por isso, quando o poder de compra da moeda cresce, esses especuladores tendem a liquidar suas posições em commodities - o que apenas acentua a correlação negativa existente entre os preços dessas mercadorias e o dólar.
Os mercados de grãos foram os que mais sofreram com esse efeito já que, além do dólar mais forte, os investidores tiveram de digerir um aumento inesperado na estimativa do USDA, para a safra mundial de milho. Em apenas quatro semanas, o fundos de hedge reduziram(vendas) em 65% sua posição líquida de compra em milho e passaram a ficar vendidos em soja, um evento relativamente raro nesse mercado. Contudo, a maioria dos analistas afirma que as pressões sofridas pelos mercados de commodities nas últimas semanas são temporárias. "Acredito que o mercado apenas corrigiu o que talvez tenha sido um otimismo exagerado em relação à economia", observa Vinícius Ito, analista da corretora Newedge USA, em Nova York. "Espero que possa haver uma recuperação daqui para frente. A saída dos fundos pesou bastante, mas os dados econômicos, de modo geral, continuam mostrando melhoria da crise", acrescenta.
Tim Hannagan, analista da corretora PFG Best, em Chicago, explica em relatório distribuído ao mercado que as commodities possuem uma tendência sazonalmente baixista no primeiro bimestre do ano. Do ponto de vista das commodities agrícolas, este é o período em que Brasil e Argentina colhem suas safras de grãos - neste ano, uma produção recorde - o que faz crescer de modo significativo a oferta mundial. Os estoques de petróleo do Hemisfério Norte também tendem a subir no começo do ano, já que o frio intenso reduz o uso do carro e, consequentemente, a demanda por derivados de petróleo. "Milho e soja geralmente acompanham o petróleo, ao qual estão cada vez mais atrelados pelo fato de serem matérias-primas para a produção de biocombustíveis", observa Hannagan. Segundo o analista, a tendência tende a mudar entre meados de fevereiro e o início de março, quando os mercados futuros começam a antecipar a queda dos estoques de petróleo devido ao aumento da demanda por gasolina durante a primavera no Hemisfério Norte. Além disso, março é o período em que os agricultores dos Estados Unidos tomam suas decisões relacionadas ao plantio da chamada safra de primavera. Como a demanda mundial por biocombustíveis e rações cresce a passos largos, o mercado não pode se dar ao luxo de permitir uma queda na área cultivada. Mas, para isso, precisa estimular os produtores a plantar mais - ou seja, os preços precisam ser atraentes.
Fatores sazonais também ajudam a explicar o fortalecimento do dólar em relação às principais moedas internacionais nas últimas semanas, explica Shawn Hackett, da Hackett Financial Advisors, na Flórida. Hackett conta que os gráficos dos últimos 30 anos mostram que o dólar possui uma tendência de forte alta entre o fim de dezembro e meados de fevereiro, período em que as commodities tendem a ser pressionadas para baixo. Depois de atingir um pico, em fevereiro, a moeda americana geralmente apresenta uma tendência baixista até meados de maio. "Se o padrão se mantiver este ano, então o atual rali do dólar está com os dias contados. Logo, as commodities estão perto de atingir um piso e a registrar uma alta muito consistente entre fevereiro e maio", afirma o analista.

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