segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CHUVA RECORDE AMEAÇA SAFRA.

Aliadas históricas do produtor rural, as chuvas se converteram no maior fator de risco para a safra de grãos que começa a ser colhida nas principais regiões produtoras do País. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previu safra de 141,3 milhões de toneladas, a segunda maior da história, no levantamento de janeiro, mas o excesso de umidade pode frustrar a produção. O índice de chuvas é recorde no Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. Em algumas regiões do Estado de São Paulo, o índice acumulado em janeiro chega a 300 milímetros, o maior índice em 30 anos. A grande quantidade de chuvas paralisa as atividades no campo e atrasa as colheitas de arroz, feijão, milho e soja. A umidade aumenta a incidência de pragas e reduz a qualidade da produção, derrubando preços. O grão úmido exige mais tempo de secagem e abarrota silos e secadores. As estradas rurais, intrafegáveis, estão dificultando o escoamento da safra.
No sudoeste do Estado de São Paulo, uma das principais regiões produtoras de feijão do País, as perdas chegam a 65%, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. São Paulo produz 180 mil toneladas do alimento em 122 mil hectares. O feijão maduro tomou chuva no campo e perdeu qualidade, diz o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva, da secretaria estadual em Itapeva. “A saca de 60 quilos, que estava a R$ 70, foi vendida de R$ 20 a R$ 30.”
As lavouras de Frederico D’Avilla, da fazenda Jequitibá do Alto, em Buri, tomaram chuva no fim da safra. Ele aumentou o número de máquinas para apressar a colheita, mesmo assim o feijão ficou “chuvado” e foi vendido pela metade do preço.
O mau tempo e os preços baixos reduziram em 60% o plantio da segunda safra na região de Itapeva. A área cultivada caiu de 39 mil hectares para 15 mil hectares, segundo o agrônomo Silva. As novas lavouras de feijão estão infestadas por doenças como antracnose e mofo branco, por causa do excesso de umidade.
Os dias chuvosos prejudicam também a soja e o milho com lavouras em formação. De acordo com o agrônomo, a umidade do solo favorece a parte vegetativa da planta, mas o sol é indispensável para os grãos.
O céu nublado e a garoa constante preocupam Toshimito Varikoda, da fazenda Santo Antonio, em Itapetininga. “Os pés de soja estão repletos de bainhas, mas os grãos não estão graúdos, pois faltou sol.” O produtor teve de replantar quase 10% da área com soja. Os gastos com a secagem do milho, colhido em 200 hectares, também aumentaram. “O grão sai da colheitadeira com 26% de umidade e preciso reduzir para no máximo 16%, senão fermenta.”
Em Capela do Alto, região de Sorocaba, o operador de colheitadeira Ricardo de Almeida espera a chuva parar para retomar a colheita de 400 hectares de milho na fazenda Alkroma. Nos últimos oito dias, trabalhou três. O atraso no milho pode prejudicar a colheita da soja, que começa em duas semanas.
Em Mato Grosso, as chuvas aumentaram em sete vezes a incidência da ferrugem na soja, em comparação com a safra passada, segundo o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária (Famato), Rui Prado. O tempo chuvoso atrasa a colheita e pode causar perdas na produtividade. Para complicar, o escoamento da safra é precário porque as estradas estão ruins. A infraestrutura inadequada aumenta o custo do frete e eleva o risco de prejuízos.
“A luz vermelha já acendeu”, disse Prado. A desvalorização média em janeiro foi de R$ 4,60 por saca. O preço do milho também despencou. Segundo o presidente da Famato, os produtores já cobram do governo mecanismos de defesa da renda, como preços mínimos de garantia. A Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) quer rediscutir a cobrança de royalties pelas empresas de sementes.
As chuvas e o excesso de umidade estão prejudicando o avanço da colheita da soja no médio norte de Mato Grosso. A Equipe 1 do Rally da Safra, que tem a participação da Agência Estado, encontrou no município de Santa Rita do Trivelato lavouras que terão perda de produtividade provocada pela chuva, que impede a entrada das máquinas em áreas em que a soja precoce já foi dessecada.
No Paraná, os produtores iniciaram a colheita de olho no clima. No oeste, a produtividade é bem maior que a da safra passada, afetada pela estiagem. Na região de Maringá, o produtor Olívio Grizotti teve de interromper a colheita quando a área de 200 hectares foi atingida por um temporal. Mais que a chuva, é a queda nos preços que preocupa. Em janeiro, o preço da saca caiu de R$ 45 para R$ 35. “O preço da soja está igual à chuvarada, não para de cair.” Ele não tem secador e teme alta no custo da secagem por causa da umidade. O Estado deve colher 13,3 milhões de toneladas de soja, 43% a mais que na safra passada, segundo a Secretaria de Agricultura do Paraná.

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