quinta-feira, 1 de julho de 2010

SAFRA 2010/11: MARGEM DE LUCRO CAIRÁ, MESMO COM REDUÇÃO DE CUSTO.

Uma safra de custos mais baixos, mas com margens de lucro menores para os produtores por causa da queda dos preços dos grãos e da competição internacional. É este o panorama traçado para o ciclo 2010/11 por especialistas consultados pela Agência Estado. "O resultado da safra não será ruim, mas, com as margens mais apertadas pela queda de preços, não será um céu de brigadeiro", afirmou Francis Kinder, analista de commodities da consultoria AgraFNP.
Embora as estimativas de área variem, é consenso que as despesas serão menores, mas também que os produtores vão embolsar menos na próxima safra. Na soja, por exemplo, o custo de produção deve recuar entre 5% e 6%, de acordo com projeção da Agroconsult. Mas a margem de lucro deve ceder entre 18% e 40%. No milho, a redução dos ganhos deve chegar a 12%.
"A soja tem fundamentos baixistas, com mais uma grande safra nos Estados Unidos e, no Brasil, um câmbio apreciado. Isso vai ajudar a pressionar as cotações da oleaginosa", afirmou Fábio Meneghin, analista da Agroconsult. No caso do milho, o problema é interno. Os baixos preços vistos na safra 2009/10 não devem se recuperar diante da grande oferta ainda existente do produto, que continuará a puxar para baixo o valor do cereal. Kinder, da AgraFNP, estima que os estoques de passagem do atual ciclo deverão crescer para 12,4 milhões de toneladas, de 11 milhões de t em 2008/09.
O algodão, por sua vez, será um ponto fora da curva no cenário das principais commodities brasileiras. Com preços altos e demandas interna e externa fortes, ambos os analistas preveem aumentos expressivos na área plantada do País em 2010/11, 28% no caso da Agroconsult, 39% no da AgraFNP.
Estimativa da Agroconsult indica que a área total de grãos deve crescer de 47,509 milhões em 2009/10 para 48,144 milhões de hectares em 2010/11. A produção deverá ser recorde, com 148,131 milhões de toneladas, ante 147,694 milhões de t em 2009/10, um aumento de 0,3%. A área de verão deve crescer 2%, para 38 milhões de hectares, de 37,2 milhões de hectares. A área de inverno deve recuar 1,7%, de 10,285 milhões, para 10,113 milhões de hectares.
Margens - Bem-vinda, a queda de custos não deverá compensar a redução dos preços dos grãos. Estimativas da Agroconsult levam em conta que a cotação média da soja em 2010/11 será de US$ 8,75/bushel. O dólar foi estimado em R$ 1,90 ao final de 2010. Isso deve resultar em preços médios de R$ 25,00 a saca de 60 quilos da oleaginosa em Mato Grosso, e R$ 31,3/saca no Paraná. Ontem, o contrato janeiro da soja negociada na Bolsa de Chicago fechou em US$ 9,1225/bushel. No caso do milho, o preço médio em Mato Grosso deverá ser de R$ 9,80 por saca de 60 quilos e, no Paraná, de R$ 15,80 por saca, de atuais R$ 10,50 e R$ 16,50, respectivamente.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a margem do produtor de soja deverá ser 40% menor, ou R$ 222 por hectare em 2010/11, considerando uma produtividade de 53 sacas/ha, ante R$ 366/ha em 2009/10, com 51 sacas/ha. "Eles vão colher mais e embolsar menos", comentou Fábio Meneghin. No Paraná, a margem da oleaginosa deve ficar em R$ 450 (produtividade de 50 sacas por ha), ante R$ 550 na safra passada (com produtividade de 52,5 sacas), queda de 18%.
As margens do milho também estarão menores. No Paraná, elas devem diminuir 12%, de R$ 813/ha na safra 2009/10, para R$ 716/ha em 2010/11. Em Mato Grosso, a safrinha do milho deve ter margem negativa de R$ 122 por ha, mas com a subvenção do governo de R$ 275/ha, avaliada com base nos leilões em apoio à comercialização, deve ter um saldo positivo de R$ 154/ha. Em 2009/10, a safrinha teve saldo positivo de R$ 14/ha.
Mundo - Os analistas consideraram que a turbulência no mercado financeiro internacional não deve afetar tanto as commodities agrícolas, cuja demanda deve continuar forte. Por outro lado, fornecedores mundiais importantes como Estados Unidos e Argentina terão safras expressivas, não permitindo uma valorização significativa das cotações.
Na sexta-feira passada, o ministro de Agricultura da Argentina, Julián Domínguez, anunciou que a produção de grãos do país atingirá recorde de 100 milhões de toneladas. Nos EUA, o Departamento de Agricultura (USDA) informou ontem que a área de soja deverá bater o recorde de 78,9 milhões de acres (31,93 milhões de hectares) e a de milho deverá crescer para 87,9 milhões de acres (35,57 milhões de hectares) em 2010/11; ambas terão incremento de 2% ante a safra anterior. No caso do algodão, o plantio deverá aumentar expressivos 19%, para 10,9 milhões de acres (4,41 milhões de hectares).

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