quinta-feira, 1 de julho de 2010

SAFRA 2010/11: CONSUMO DE INSUMOS CRESCE E LOGÍSTICA PREOCUPA.

A indústria de fertilizantes trabalha com perspectiva de boa demanda na safra 2010/11, mas especialistas e executivos destacam que a rentabilidade ligeiramente menor na safra 2009/10 e a concentração das compras no segundo semestre podem puxar os custos logísticos no período. "Os preços de algumas commodities e dos fertilizantes estão mais baixos, mas foram recuos compatíveis. A soja, por exemplo, apesar da queda, ainda mantém a marca de US$ 9/bushel em Chicago", avalia Carlos Eduardo Florence, o diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama-Brasil).
Para o executivo, a situação do produtor nesta temporada não é ruim, por conta da disponibilidade de linhas para o financiamento agrícola. A expectativa da indústria é de que o setor retorne à sazonalidade histórica, com 65% a 70% das vendas concentradas no segundo semestre.
Neste cenário, a demanda pode ser afetada por custos mais altos para transportar os fertilizantes. "O custo da matéria-prima ficou estável nos últimos três meses, e não deve subir mais, mas compras no segundo semestre sofrerão o impacto de preços mais altos de frete. Quem está distante, certamente, sentirá mais o efeito deste movimento", observa.
O diretor comercial da Galvani, Celso Fajardo, destaca que o setor trabalha com a perspectiva de fortalecimento do mercado neste ano, especialmente para algodão e cana-de-açúcar, culturas que operam com preços firmes. "Se tudo correr bem, a tendência é mesmo superar 22,47 milhões de toneladas comercializadas no ano passado, podendo chegar a 23,5 milhões de toneladas", estima. Para atender a este crescimento na demanda por fertilizantes, haverá necessidade de mais suprimento, o que puxará as importações ao longo do ano. O problema, diz ele, é que a concentração das compras no segundo semestre pode acarretar custos logísticos mais altos também para a indústria de insumos.
Importação - O número mais recente da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) aponta firme crescimento das importações de fertilizantes intermediários, utilizados na mistura para a formulação do produto. Até abril, houve um acréscimo de mais de 200% nas compras externas destes insumos. Tal movimento é favorecido pelos preços estáveis da matéria-prima no mercado internacional. Acompanhamento da Ama-Brasil indica valores estáveis nos últimos três meses e próximo de níveis históricos do setor: em torno de US$ 400/tonelada para o cloreto de potássio, US$ 490/tonelada para o monoamônio fosfato (MAP) e US$ 290/tonelada para a ureia.
O superintendente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), Claudio Teoro, que reúne 4.900 associados em 12 municípios concentrados no sudoeste de Goiás, também trabalha com um cenário positivo para este ano. "Em 2009/10, o produtor já diminuiu a adubação. Agora ele está consciente de que não há espaço para reduzir mais, se não quiser comprometer a produtividade", afirma.
Defensivos - A perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor agrícola acima de 5% neste ano é a base para as projeções otimistas da indústria de defensivos agrícolas no ciclo 2010/11. "Estimativas iniciais indicam crescimento da ordem de 4% no ano, mas, diante das relações de troca mais favoráveis para os produtores, este porcentual pode chegar a 7%", afirma o diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).
De acordo com o executivo, levantamentos realizados pelo setor mostram redução nos custos do insumo neste começo de ano, mantendo movimento já registrado em 2009. Avaliação da indústria, a partir de levantamento feito em abril pelo Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA), aponta uma queda de 12% a 17% nos preços de uma cesta com os produtos mais utilizados nas lavouras de soja, milho, cana e algodão, culturas que respondem por 75% das vendas no setor.
"O consumo de defensivos é diretamente proporcional à produção e à produtividade. Os níveis atuais indicam que o agricultor tende a usar toda a tecnologia disponível para garantir uma boa safra", afirma José Roberto Da Ros, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag). "Esperamos expansão neste ano porque estas são as sinalizações dos principais órgãos do setor", afirma ele, citando cenários traçados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o IEA.
O vice-presidente da unidade de proteção de cultivos da Basf no Brasil, Eduardo Leduc, é mais cauteloso. Segundo ele, o alto nível dos estoques e os baixos preços do milho e do trigo, duas culturas que fazem rotação com a soja, podem influenciar na rentabilidade agrícola. Na avaliação de Leduc, os produtores devem fazer operações de hedge e travar os custos de produção para ficarem menos vulneráveis às oscilações de preço no mercado.
Mesmo assim, Leduc considera que o surgimento de ervas daninhas mais resistentes e a maior incidência de doenças fúngicas, especialmente no Sul do País, devem sustentar a demanda por defensivos neste ano. Outro segmento que deve apresentar bom desempenho na nova safra é o de tratamento de sementes. "O investimento em genética produz sementes com alto potencial de produtividade que precisam ser protegidas", afirma. Fator que preocupa o executivo, a exemplo do que já ocorre no caso dos fertilizantes, é o gargalo logístico que o setor pode enfrentar se postergar demais as compras de insumos no segundo semestre.

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