sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SOJA-MT/PRODUTORES QUEREM DEPENDER MENOS DA SOJA TRANSGÊNICA.

A soja transgênica não é mais salvação da lavoura. No início dos anos 90, quando os agricultores gaúchos desafiaram a proibição ao cultivo dos organismos geneticamente modificados e plantaram a "soja maradona" contrabandeada da Argentina, agricultores de outros Estados ficaram encantados com a perspectiva de redução dos custos, pois a tecnologia implicava menores gastos com o controle de ervas daninhas. A pressão do setor produtivo foi grande e a liberação cultivo comercial da soja transgênica ocorreu em 2003, para desencanto dos ambientalistas em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Hoje, a soja com o gene modificado para resistir aos herbicidas deixou de ser consenso entre os agricultores. O principal motivo é a perda de competitividade em relação à soja convencional, cujas variedades são fruto de anos de pesquisa de melhoramento genético, por meio de cruzamentos de plantas. Os cálculos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que o custo de produção da soja convencional em Sorriso (MT) foi 6% menor que o da transgênica na safra passada e neste ano a diferença ampliou para 11%.
O custo maior se deve aos royalties pagos pelo uso da semente de soja roundup, da multinacional Monsanto. No caso de Mato Grosso, os produtores pagam R$ 0,44 por saca produzida. Cada quilo de semente dá ao agricultor, crédito para produzir 74 kg de soja. Se o rendimento ultrapassar os 74 kg, o agricultor tem de pagar royalty sobre o volume adicional. Os produtores reclamam, pois alegam que o sistema "pune os mais produtivos". O agricultor que separa os grãos para replantio não pagam o royalty sobre a semente, mas sofrem a cobrança de uma taxa de 2% sobre a receita obtida com venda da produção final. Se o produtor declara que a soja é convencional e o teste prova que é transgênica a multa sobe para 3%. O controle é feito nos armazéns das tradings que recebem a soja.
Levando em conta a expectativa de melhor margem na venda da soja, os produtores de Mato Grosso pretendiam elevar o plantio da soja convencional nesta safra. Entretanto, o mercado de sementes é dominado pela soja transgênica, que nesta safra deve ocupar 60% da área cultivada, segundo levantamento da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT). Glauber Silveira, presidente da entidade, reclama que o mercado de sementes está sendo manipulado pela Monsanto, que detém a patente da soja resistente ao herbicida Roundup.
A Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) alega que a Monsanto libera para os multiplicadores de sementes 85% de transgênicos e 15% de convencionais, quando o ideal seria metade de cada tipo, para dar opção ao agricultor. Em virtude do embate com a Monsanto, em agosto deste ano a Aprosmat se desligou da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem).
Soja Livre - A partir da próxima safra os agricultores de Mato Grosso devem contar com maior oferta de variedades de soja convencional. Para isto será lançado na próxima terça-feira (9) o programa Soja Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não-Geneticamente Modificados (Abrange). O programa terá apoio da Aprosmat e da Fundação Rio Verde, de Lucas do Rio Verde, além do patrocínio da Fundação Triângulo (de Uberaba - MG), da Fundação Cerrados (de Sobradinho - DF), da Fundação Bahia (de Luiz Eduardo Magalhães - BA), e dos grupos AMaggi, Caramuru e Imcopa.

por Venilson Ferreira.

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