sexta-feira, 5 de novembro de 2010

CHINA CONTESTA AÇÃO DO BANCO CENTRAL EUA.

A China juntou-se a outros países que demonstram preocupação com a política de afrouxamento quantitativo do Fed, dizendo que a decisão da autoridade norte-americana de imprimir bilhões de dólares para revigorar a economia dos Estados Unidos poderá prejudicar a economia de outros países. A China pediu ainda explicações ao Fed sobre os motivos que o levaram a adotar tal política.
"Uma política doméstica pode ser ótima para os Estados Unidos isoladamente. Entretanto, ao mesmo tempo, não é necessariamente ótima para o mundo. Pode causar muitos impactos negativos para a economia mundial", disse o presidente do Banco do Povo da China (PBoC), Zhou Xiaochuan, em fórum financeiro.
Os comentários foram feitos horas após o vice-ministro de Relações Externas, Cui Tiankai, principal negociador no G-20, pedir ao Fed para explicar sua decisão desta semana de injetar mais US$ 600 bilhões na economia dos EUA por meio de uma nova rodada de compra de bônus."Muitos países estão preocupados com o impacto da política (dos EUA) em suas economias", disse Cui em entrevista em Pequim. Ele afirmou que a credibilidade internacional na recuperação e no crescimento da economia global poderá ter prejudicada se o Fed não explicar sua ação."Seria razoável que alguém fosse um pouco adiante e nos desse uma explicação, de outra forma, a credibilidade internacional na recuperação e no crescimento da economia global será ferida", disse Cui. Os Estados Unidos "nos devem uma explicação", acrescentou, sem detalhar em qual fórum a explicação deveria ser dada.
Cui disse também que a China não irá estabelecer metas para a apreciação do yuan. "Isso seria pedir para que manipulássemos a taxa de câmbio do yuan e isso é algo que nós, obviamente, não faremos", afirmou Cui.
O representante da China no G-20 também rejeitou com firmeza a proposta do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, de negociar metas para estreitas os déficits em conta correntes dos países e diminuir os desequilíbrios comerciais globais. "O estabelecimento de metas numéricas artificiais nos faz lembrar de uma economia planejada", disse Cui. "Acreditamos que uma discussão sobre metas para conta corrente perde o foco. Se olharmos para a economia global, há muitas questões que merecem mais atenção, por exemplo, a questão do afrouxamento quantitativo".
Zhou reiterou os comentários de Cui sobre o possível efeito do programa de flexibilização do Fed na economia mundial, embora também tenha expressado compreensão com a situação econômica dos EUA. O PBoC tem mantido contato com o Fed sobre a política de flexibilização quantitativa e entende que a autoridade monetária é responsável pela economia dos EUA, disse Zhou.
Como os EUA passam atualmente por uma recuperação lenta, enfrentam um elevado desemprego e baixa inflação, "podemos compreender a política de flexibilização quantitativa dentro de certas circunstâncias", ponderou Zhou.
Mas advertiu que tal política pode causar fluxos anormais de dinheiro especulativo para a China. A diferença com a taxa de juro dos Estados Unidos e as flutuações no câmbio criam oportunidades para arbitragem, que dificilmente podem ser eliminadas, afirmou.
Zhou disse que somado a seu papel no mercado doméstico, o dólar é também a principal moeda de reserva internacional. Ele observou que muitas transações nos mercados de commodities e nos mercados de capitais são realizadas em dólares. "Há um conflito entre o papel do dólar no mercado doméstico e no mercado internacional", disse Zhou repetindo sua demanda por uma reforma no sistema monetário global. Zhou anteriormente pediu pela criação de uma moeda supersoberana de reserva diante do enfraquecimento do dólar.
Sobre a necessidade da China de reequilibrar sua economia doméstica, Zhou afirmou que muitos remédios diferentes são necessários para lidar com os problemas estruturais do país. Enquanto a reforma do mecanismo de taxa de câmbio é uma parte importante da estratégia de reequilíbrio, medidas como aumento dos salários, reforma no sistema dos preços de energia e das matérias-primas e ajuste nos incentivos fiscais têm um papel fundamental, disse Zhou.
Segundo Zhou, não se deveria dar ênfase isolada a um único remédio para os desequilíbrios, como em resposta à pressão internacional para uma forte apreciação do yuan. Repetindo uma analogia feita antes, Zhou disse que na medicina ocidental um remédio é escolhido para curar uma doença e que na China vários remédios podem ser utilizados. Os métodos medicinais chineses levam mais tempo para funcionar e o tratamento pode ser ajustado ao longo do tempo, com base na experiência e na resposta do paciente, disse Zhou.

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