sexta-feira, 3 de junho de 2011

DESACELERAÇÃO MUNDIAL DEVE PROLONGAR APRECIAÇÃO DO REAL

A economia brasileira deve conviver com taxa de câmbio apreciada e o dólar testando novas mínimas, situando-se entre R$ 1,55 e R$ 1,65, por mais tempo do que se esperava. A avaliação, feita por economistas ouvidos pela Agência Estado, é resultado do desalento com a recuperação da economia norte-americana, que está levando a revisões para baixo nas estimativas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do País e estendeu o timing para o início do desmonte das medidas de afrouxamento monetário e para a retomada da alta das taxas de juros pelo Federal Reserve.
"No contexto de decepção com a retomada da expansão econômica dos EUA, muda a perspectiva de câmbio. Isso porque o diferencial de juros é fundamental para a trajetória das moedas e a percepção é de que a alta das taxas nos EUA deve ser postergada. Além disso, há a avaliação de que a taxa Selic ainda deve subir um pouco mais, aumentando a distância entre os juros doméstico e o internacional", disse o estrategista da CM Capital, Luciano Rostagno, que pensa em revisar de R$ 1,60 para R$ 1,55 a projeção para o dólar ao fim de 2011.
No início do ano, segundo a economista da Link Investimentos, Marianna Costa, os especialistas do mercado financeiro esperavam que o crescimento do PIB dos EUA ficasse ao redor de 4% este ano. Mas essa previsão foi esmorecendo e, agora, o PIB está estimado em 3% ou menos, para a maioria. Ao mesmo tempo, o mercado foi tornando mais distante a perspectiva para o início do aperto monetário nos EUA.
Enquanto em janeiro se falava em alta de juro entre o final deste ano e o começo de 2012, agora, a largada está sendo aguardada somente para o fim do segundo trimestre ou até para a segunda metade do ano que vem.
"Temos visto indicadores fracos ao longo do último mês e forma-se a ideia de que a consolidação da expansão da economia dos EUA só ocorrerá entre o fim do primeiro semestre e o decorrer da segunda metade de 2012", disse Marianna, referindo-se à possibilidade de o Fed elevar o juro básico norte-americano. Para ela, se há um risco nesse cenário, é de que tudo fique ainda pior. O economista sênior do Esib Brasil, Flávio Serrano, concorda e afirma que "a expectativa mudou e o Fed deve ficar inerte até meados do ano que vem".
A projeção da economista da Link para a cotação do dólar no decorrer de 2011 é idêntica à de Rostagno, entre R$ 1,55 e R$ 1,60. Já o economista sênior do Esib Brasil aguarda uma variação um pouco maior, de R$ 1,56 a R$ 1,65, com o dólar encerrando o ano em R$ 1,60. "O que vamos ver é um prolongamento na condição do real valorizado em 2011", disse.
Serrano destaca, no entanto, que a mudança nas perspectivas para o aperto monetário norte-americano terá impacto ainda maior no câmbio ao final de 2012. A sua estimativa para esse período, que era de R$ 1,65, deve ser ajustada para R$ 1,60. Na mesma linha, Rostagno, que projetava a mesma cotação de R$ 1,65, agora fala em "algo um pouco abaixo disso, entre R$ 1,60 e R$ 1,65".
Já o economista da MCM Consultores, Antonio Madeira, compartilha da ideia de que o juro dos EUA só deve subir em meados do ano que vem, provavelmente no segundo trimestre, mas não alterou projeção para o dólar, que é de R$ 1,60 ao fim de 2011. Ele é otimista quanto à recuperação da economia global e avalia que a desaceleração recente "pode ser revertida". Para Madeira, o mundo está sentindo os efeitos da tragédia japonesa. "O efeito foi forte, mas esperamos que o Japão se recupere no segundo semestre e isso deve ajudar", disse.
Mesmo diante desse quadro, os economistas não esperam fortes atuações do Banco Central no câmbio, como foi visto no início deste ano.
Tornou-se consenso que o foco no combate à inflação deixou a equipe econômica mais tolerante com o real valorizado. "Conforme a inflação foi se aproximando do teto da meta, houve maior complacência com a apreciação do real. Talvez venham a defender um patamar de R$ 1,55, se o dólar tentar romper isso", arriscou Rostagno.

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