sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PREÇO DE COMMODITIES NÃO SINALIZA CRISE DE OFERTA.

Os preços das commodities agrícolas não estão sinalizando uma crise de oferta, mas o aumento da intervenção do governo e a alta do petróleo continuam sendo vulnerabilidades para o abastecimento global de alimentos, afirmou ontem o CEO da empresa do setor de agronegócios Cargill, Greg Page. A Cargill é a maior empresa de capital fechado dos Estados Unidos em vendas.
Page avalia que a agricultura global está "num constante estado de desequilíbrio" e, embora os preços das commodities permaneçam bastante abaixo dos recordes de 2008, os estoques de grãos como porcentagem do consumo são "menos estáveis do que se podia esperar". Um importante fator para evitar que se repita o que ocorreu dois anos atrás é o preço do petróleo, que se aproximou de US$ 150/barril em 2008, mas agora gira em torno de US$ 80/barril. A alta do petróleo pode puxar o milho, aumentando custos de produção na cadeia agrícola. "O maior elemento é o preço absoluto do petróleo", comentou Page, nos bastidores da World Food Prize Conference, nos Estados Unidos. "Acho que se tivéssemos o mesmo preços de petróleo que tínhamos antes, poderíamos ver uma posição diferente nos sinais de preço."
Page enxerga uma preocupação adicional na intervenção do governo no comércio global. A crise alimentar de 2008, que causou tumultos e manifestações em países pobres, foi agravada por restrições comerciais, quando 20 países estabeleceram algum tipo de barreira, conforme o CEO.
Mais recentemente, a Cargill criticou a restrição das exportações de grãos imposta pela Rússia, por causa da forte seca que afetou a produção local. No entanto, analistas disseram que tanto a Cargill quanto outras comerciantes globais de grãos se beneficiaram da medida, pois os consumidores russos buscaram novas origens para manter seu abastecimento. Segundo Page, as pessoas estão ansiosas com a oferta apertada de grãos, por causa da possibilidade de surgirem novas restrições no mundo.
Para Page, a política governamental de etanol dos Estados Unidos também é uma preocupação. O executivo reiterou sua oposição aos mandatos referentes ao etanol de milho, o tipo mais comum nos Estados Unidos. Ele disse que políticas como essa travam a demanda, mesmo quando a produção agrícola é decepcionante, como neste ano. De acordo com Page, isso pode resultar na redução da produção de carnes, pois os criadores de animais dependem das rações de milho. Os negócios da Cargill incluem processamento de carnes.
Nesta semana, o governo dos Estados Unidos anunciou a elevação da mistura de etanol na gasolina usada por veículos fabricados a partir de 2007, passando de 10% para 15%. Outra importante política americana envolve subsídios ao setor de etanol.
Sobre o desenvolvimento agrícola na África, que era o tema da conferência, Page declarou que se trata de uma questão dependente de melhores instituições governamentais que transmitam confiança aos investidores. "A Cargill pode contribuir com a segurança alimentar por meio da definição de preços, do transporte, do processamento e da educação rural", afirmou.

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