quinta-feira, 14 de outubro de 2010

REAL VALORIZADO DEVE PREVALECER ATÉ FIM DE 2011.

Alta rentabilidade e baixo risco são os principais componentes que levam economistas ouvidos pela Agência Estado a acreditar que o real continuará muito valorizado até o final do próximo ano. Com o juro real ex-ante a 5,78% no Brasil, enquanto a taxa é negativa nos EUA, zona do Euro, Japão e Inglaterra, os especialistas ponderam que a tendência é de o dólar ante o real testar a marca psicológica de R$ 1,60 em pouco tempo, como aponta o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Ele estima que o dólar ante o real fechará o ano em R$ 1,70, previsão semelhante à da economista-chefe da Rosenberg, Thais Zara, e do economista da Tendências, André Sacconato. O estrategista do banco WestLB, Roberto Padovani, acredita que tal indicador estará em R$ 1,65 no fim de dezembro e chegará a R$ 1,60 no último mês de 2011.
Para Sacconato, não há nenhum sinal de que o real poderá se desvalorizar até o final deste ano. "O diferencial de juros entre as taxas internas e externas é muito grande, o que compensa o ingresso de investimentos de estrangeiros no País mesmo com a recente elevação do IOF de 2% para 4%", comentou. Na avaliação de Sérgio Vale, a valorização do real ante o dólar é um reflexo do bom desempenho da economia, o que despertou com vigor o interesse de diversos tipos de investidores internacionais, entre eles os que aplicam em ativos financeiros e os que abrem novas fábricas. De acordo com o Banco Central, o Brasil registrou a entrada líquida de US$ 2,181 bilhões de 1 a 8 de outubro. As reservas internacionais atingiram US$ 279,394 bilhões na última segunda-feira pelo conceito de liquidez internacional.
Segundo estatísticas disponíveis no site do BC, a taxa de câmbio real registrou uma valorização de 28,51% no final de agosto deste ano, ante uma base de comparação de junho de 1994, que seria o equivalente a R$ 2,2369. No encerramento de agosto deste ano, o dólar ante o real atingiu R$ 1,756. Como o dólar chegou hoje a R$ 1,652, isso representaria uma apreciação de 35,40% pelos mesmos critérios.
Na avaliação de Padovani, o cenário mais provável para o câmbio até o final de 2010 é de que a cotação do dólar ante o real fique estável no atual patamar de R$ 1,65, mas com volatilidade, causada em boa parte pela instabilidade da evolução da economia internacional. "A cotação a que o dólar chegou hoje é um reflexo dos investidores, com certo exagero, à continuidade da política do Fed de quantitative easing (afrouxamento quantitativo)", comentou.
A expectativa de Padovani para o dólar é de que deve chegar a R$ 1,60 no fim de 2011 por causa de alguns fatores: manutenção dos juros nominais elevados, em 10,75% no próximo ano, baixo risco País, preços de commodities em alta e baixas taxas de juros em países desenvolvidos. E ele faz esta avaliação mesmo levando em consideração um incremento dos juros nominais nos EUA, que, segundo ele, podem aumentar até um ponto porcentual em 2011. Tal fato indicaria que o Federal Reserve passará a fazer no próximo ano uma transição para um regime monetário compatível com uma economia que voltou a crescer num ritmo mais próximo de seu potencial.
Thais Zara concorda que a tendência é de o real continuar forte até o final do próximo ano, quando o dólar deve fechar em R$ 1,75, por causa de vários elementos, entre eles a continuidade do ingresso farto de recursos no País. Para ela, os investimentos diretos estrangeiros devem subir de US$ 31 bilhões neste ano para US$ 35 bilhões em 2011. Segundo Sérgio Vale, o bom cenário para a entrada de capitais no Brasil não deve ser ofuscado nos próximos 14 meses nem pela expectativa de aumento do déficit de transações correntes, para o qual ele prevê o patamar de US$ 49,7 bilhões em 2010 e de US$ 68,6 bilhões no ano que vem. Ele ressalta que o bom desempenho da economia no médio prazo é um dos principais elementos que fundamentam o otimismo dos investidores com o Brasil. O economista projeta uma expansão do PIB de 8% neste ano e de 4,5% em 2011, num ambiente de inflação sob controle, pois o IPCA deve ficar, segundo ele, em 5% tanto em 2010 como em 2011.
"Até 2012, os investidores não devem ficar impressionados com a evolução do déficit de transações correntes no Brasil", comentou Vale. "Acho que só em 2012 eles passarão a ver que há uma tendência deste saldo negativo das contas externas avançar ainda mais e beirar os US$ 100 bilhões em 2014", destacou.
Na avaliação de Vale, que é compartilhada por muitos especialistas, só mudanças estruturais de ordem fiscal e monetária poderão diminuir a sobrevalorização do real ante o dólar. "Um ajuste fiscal maior, com aumento da eficiência dos gastos públicos, é o elemento que permitiria a queda dos juros, o que reduziria o diferencial da Selic ante as taxas de juros internacionais e tenderia a diminuir a atratividade dos investimentos que apostam na valorização do real", comentou.

INSUMOS: CÂMBIO E ALTA DE COMMODITIES IMPULSIONAM ADUBOS
As vendas de fertilizantes devem crescer neste ano, estimuladas pela desvalorização do dólar, que reduziu o custo de produção, ao mesmo tempo em que os preços das commodities estão mais altos. A relação de troca entre custo de produção e preço pago pela tonelada de insumo está mais vantajosa em 2010, mostram dados da Scot Consultoria. Em setembro de 2009 eram necessárias 38,3 sacas de soja para adquirir uma tonelada cloreto de potássio, por exemplo. Em setembro deste ano essa equivalência caiu para 25,4 sacas. Já as cotações da soja na Bolsa de Chicago acumulam alta de 20% em 2010 e se aproximam do nível de US$ 12 por bushel. Os preços do milho subiram 35% e os do algodão, 55% no mesmo período. A soma destes fatores deve levar o segmento a encerrar o ano com um incremento de 5% nas vendas, para 23,5 milhões de toneladas, sobre as 22,4 milhões de tons no ano passado, de acordo com a Associação dos Misturadores de Adubos (AMA).
Levantamento da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostra que, por causa da desvalorização do dólar, o custo de implantação de um hectare de uma lavoura de grãos recuou entre 8% e 10% em 2010, dependendo da cultura. Boa parte dos insumos é comprada no mercado externo e um dólar mais barato favorece a importação. Por conta disso, a entidade já constata um aumento na venda de fertilizantes. O volume comercializado entre janeiro a agosto chegou a 17 milhões de toneladas, aumento de 3% sobre as 16,49 milhões de toneladas vendidas no mesmo período em 2009, estima a CNA.
Para a superintendente técnica da CNA, Rosemeire dos Santos, os preços internacionais das commodities também pesaram na intenção de compra dos insumos."Com a perspectiva de maior rentabilidade, o produtor investiu mais", afirma, levando em conta que o agricultor comprou mais fertilizantes mesmo sem uma perspectiva de alta expressiva na área plantada. Em seu primeiro levantamento a respeito da safra 2010/11, divulgado na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previu queda entre 2,2% e 3,5% na área cultivada com milho e um leve aumento na área da soja entre 1,3% e 3,1%.
Venda antecipada Segundo Rosemeire, com preços mais favoráveis para as commodities, cresceu o porcentual de venda antecipada da safra, com 40% da soja a ser produzida no Centro-oeste já negociada. Para o algodão, esse porcentual sobe para 60%. No entanto, se o dólar continuar cotado abaixo de R$ 1,70, a CNA considera que os produtores perderão parte da vantagem obtida na importação dos insumos mais baratos. Hoje, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 1,652, com queda de 0,84% e acumula perda de 5,22% em 2010.
O diretor executivo da AMA, Carlos Eduardo Florence, diz que esse pode ser um problema para o produtor na hora de entregar as safras de soja, de algodão e também de milho, as culturas mais negociadas com as tradings em troca de fertilizantes. Mas ele acrescenta que a relação entre a tonelada do insumo e o preço das commodities ainda é favorável para os dois lados. "A saúde financeira do agricultor, sob a nossa ótica, está boa", avalia, comemorando os bons resultados que o segmento de fertilizantes vem conquistando em 2010.

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