segunda-feira, 18 de abril de 2011

MATO GROSSO-INVASÃO ESTRANGEIRA PREOCUPA AGRONEGÓCIO.

As recentes notícias sobre os investimentos dos chineses na compra de terras para produção de grãos na região dos cerrados do Brasil reacendeu as preocupações das lideranças do agronegócio em relação à invasão do capital estrangeiro. O assunto mereceu destaque na edição de ontem do Diário de Cuiabá, que alertou para a crescente participação de grupos e fundos estrangeiros no processo de concentração de terras no Estado.
Segundo a reportagem, os dados oficiais mostram que 850 mil hectares de terras são ocupados por investidores estrangeiros, o que representa 13,5% da área cultivada com soja no Estado. Os estrangeiros, junto com os grandes grupos comandados por produtores rurais, responde por 20% da produção de soja em Mato Grosso. Esta conta inclui as áreas arrendadas de agricultores médios que, em virtude da inadimplência, têm dificuldades para acessar o crédito, tanto nos bancos, como em tradings e revendas de insumos.
O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, argumenta que o capital externo é bem-vindo, mas a concentração de áreas nas mãos de estrangeiros não é boa para Mato Grosso, pois a soberania pode estar em jogo. Na opinião do dirigente, o aumento da concentração reflete a falta de uma política agrícola capaz de estimular o investidor local.
Prado levou sua preocupação ao governador Silval Barbosa (PMDB), que por sua vez discutiu o assunto em sua primeira audiência com a presidente Dilma Rousseff, realizada no mês passado. Os produtores querem aproveitar este debate para reabrir as discussões em torno da renegociação das dívidas agrícolas, principalmente às relativas às compras de máquinas agrícolas em 2004, que hoje se tornaram impagáveis.
No início deste mês a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou a proposta do senador Jayme Campos (DEM/MT) de criação da Agência Reguladora Territorial Rural (ARTR), que ficaria subordinada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Na justificativa do projeto de lei, que foi encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça, o senador argumenta que "é flagrante e geral a percepção de que a fertilidade de nossas terras virou alvo da cobiça internacional". Ele diz que a própria preservação do bioma amazônico "passa, necessariamente, por um controle mais rígido e criterioso na transferência de propriedades rurais para empresas e conglomerados estrangeiros". Na opinião do senador, é urgente que se estabeleça um marco regulatório para transações imobiliárias rurais, ,"sobretudo ao levarmos em conta que tal atividade há muito deixou de ser um negócio de roceiros do interior e passou a ser um setor estratégico para o desenvolvimento e o equilíbrio do País".
Um dos críticos da invasão estrangeira é o deputado federal Neri Geller (PP/MT), produtor rural de Lucas do Rio Verde. Na semana passada, durante um seminário promovido pela Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), para defender sua tese, o deputado lembrou a saga dos "gaúchos" que desbravaram o norte de Mato Grosso. Nascido em Selbach (RS), Neri Geller contou que chegou ao Estado ainda "guri, com 15 anos, em 1984, para morar num assentamento, com os pais, embaixo de lona de plástico. Ele narrou que a família "sofreu nas décadas de 80 e 90. Depois, entre 2003 e 2004, trabalhamos com crédito caro, acreditando no governo. A gente plantava a soja a um custo de R$ 25 a saca e vendia por R$ 17". Por isso, diz ele, pequenos e médios ficaram endividados. "Aí, aparecem investidores e fundos de investimentos estrangeiros para comprar barato uma vida de trabalho. Não vamos permitir, nem para americano, nem para chinês". Por isso ele defende a renegociação das dívidas, como forma de evitar que esses produtores vendam suas terras aos estrangeiros.

Venilson Ferreira, correspondente

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