terça-feira, 17 de maio de 2011

SOJA: BRASIL PODE GANHAR MERCADO SE SAFRA AMERICANA ATRASAR

O clima úmido que vem atrasando o plantio de milho e de soja nos Estados Unidos pode criar oportunidades para as exportações brasileiras da oleaginosa. "O Brasil pode ser beneficiado com um fluxo maior de exportação. Se a China voltar a comprar num ritmo mais forte e os EUA estiverem sem soja disponível, o Brasil tende a se beneficiar", avalia Ricardo Lorenzet, analista da XP Agro.
A safra norte-americana normalmente entra no mercado em setembro, mas nesta safra isso pode acontecer mais tarde. Ontem, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que cerca de 22% da área estimada em 76,6 milhões de acres (31 milhões de hectares) foi plantada até domingo. No mesmo período do ano passado, 37% da área com soja havia sido semeada, e, na média de cinco anos, 31%. Em Iowa, 47% das lavouras foram cultivadas, acima da média de 38% para esta época. Mas o plantio de soja está abaixo do normal no leste do Meio-Oeste, sendo que Indiana tem 6% da área semeada, ante média de 30%. Em Ohio, apenas 3% foi plantada, ante média de 44%. Se a ampliação do período de entressafra nos EUA se confirmar neste ano, os compradores poderão buscar outras origens, como o Brasil, que no momento finaliza a colheita de uma safra recorde estimada em 73,6 milhões de toneladas.
Lorenzet destaca, entretanto, que para que o Brasil ganhe esse mercado é necessária demanda, atualmente fraca tanto no mercado interno norte-americano como para exportação em geral, principalmente devido ao afastamento da China. "Nos próximos dois a três meses será difícil ter um fluxo forte de demanda. A China comprou muita soja quando havia incertezas em relação à safra sul-americana. Agora, está embarcando o produto e consumindo estoques internos", completou Lorenzet.
Na semana passada, o USDA reduziu a estimativa de exportação na safra 2010/11, que termina em setembro, para 42,18 milhões de t, contra 43 milhões de tons anteriormente. A previsão de importação pela China caiu de 57 milhões de toneladas para 54,5 milhões de t. Para 2011/12, a estimativa de exportação total dos EUA é de 41,9 milhões de toneladas.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, ressalva que para atender a um aumento potencial de mercado o Brasil precisa ter produto, e isso hoje não está assegurado. Normalmente, a América do Sul abastece o mercado mundial no primeiro semestre. "Se houver um atraso muito expressivo, o Brasil poderia exportar em setembro e outubro. Mas seria muito pouco, porque estaremos na entressafra. Não vai ser uma grande oportunidade de mercado, mas sempre ajuda", disse ela.
Por outro lado, o produtor brasileiro que ainda tiver alguma soja em mãos poderá se beneficiar de preços mais altos. A AgRural estima que 65% da safra 2010/11 brasileira já foi negociada. "Se o clima continuar ruim nos EUA a ponto de ameaçar áreas já plantadas com soja, a tendência é de preços firmes no mercado mundial", completou Daniele.
A analista, entretanto, lembra que os EUA têm a capacidade de avançar rapidamente com o plantio, e que adiar as negociações contando com o atraso da entrada da safra norte-americana no mercado não deve ser uma estratégia. "Quando o produtor brasileiro acompanha o mercado climático nos EUA, o ideal é que aproveite os ralis para escalonar as vendas. Quando a safra americana se definir em agosto, aí sim será o momento de fazer uma aposta."

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