quarta-feira, 6 de julho de 2011

CRESCE PERCEPÇÃO QUE DÓLAR PODE SUBIR POR "BOM" OU "MAU" MOTIVO

Não é à toa que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, vem alertando insistentemente as empresas para que se protejam contra uma eventual reversão na taxa de câmbio. Cresce entre os especialistas a percepção de que, depois de atravessar o vale em que se encontra, o dólar deve apreciar-se ou porque tudo deu certo, ou devido a uma piora ainda maior do cenário internacional.
A ameaça maior e de curto prazo, atualmente, é de que ocorra um aumento tão grande na aversão ao risco, associado à questão das dívidas europeias, que gere saída forte de capital, ainda que ela seja temporária. Isso provocaria uma desvalorização rápida do real, que pressionaria a inflação. "Esse é o impacto no câmbio gerado pelo mal", diz o economista e consultor da MB, José Roberto Mendonça de Barros, referindo-se à crise das dívidas de países periféricos da Europa, notadamente a Grécia. Ele vislumbra o dólar entre R$ 1,50 e R$ 1,60 daqui até o final do ano, mas alerta que "não recomendaria 'trava' a R$ 1,50 por muito tempo" justamente porque acredita num repique do dólar, em algum momento.
O motivo "do bem" para uma alta do dólar que poderia ocorrer no médio prazo (ao longo do próximo ano) seria a recuperação da economia norte-americana. A volta ao crescimento econômico geraria inflação nos EUA e, consequentemente, uma alta de juros que atrairia, para lá, parte do dinheiro que circula hoje por economias promissoras, como a brasileira. "É uma questão de tempo para que uma das duas coisas aconteça", avalia Mendonça de Barros.
Acontece que a perspectiva para uma retomada da economia dos EUA e da alta da taxa de juros norte-americana foi adiada recentemente e isso, inclusive, levou analistas a postergarem também as expectativas para a recuperação do dólar ante o real. Foi no início de junho, quando o mercado revisou para baixo as expectativas para o PIB dos EUA depois de uma série de indicadores norte-americanos fracos.
Já os temores com relação à Europa só se aprofundam. Ontem a Moody's rebaixou a classificação de risco de Portugal, jogando o país, de uma só vez, do grau de investimento para o junk. Isso lembrou aos analistas e investidores que a crise das dívidas soberanas europeias é grave e que o maior risco da situação da economia grega é de que ela pode contaminar outros países.
"O que houve foi excesso de otimismo recentemente com a possibilidade de uma solução para a Grécia e o câmbio apreciou-se demais. Nem pelos fundamentos, nem pelos mercados se justificaria o movimento. O ajuste fiscal necessário na Europa é um desafio econômico e político grande, afeta as perspectivas de crescimento e não dá para ser muito otimista", disse o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani, que por causa disso, espera que o dólar faça uma correção para o nível de R$ 1,60. Ainda assim, Padovani não espera, nem computa nas suas estimativas, a possibilidade de uma ruptura.
Já para o final do ano, a estimativa do economista-chefe do WestLB é de um dólar entre R$ 1,65 e R$ 1,70. Aí já pesam os fatores positivos, ou seja, a recuperação dos EUA. Embora concorde com a maioria dos economistas, que adiaram para meados de 2012 a alta do juro nos EUA, Padovani lembra que os mercados se adiantam a esses acontecimentos. "A antecipação da elevação dos juros nos EUA vai gerar rebalanceamento do mercado de moedas."
Para o economista da CM Capital, Luciano Rostagno, o risco para o mercado de câmbio nacional reside na possibilidade de as agências de classificação de risco considerarem a dívida grega em default, como ameaçou a S&P, no caso de os credores privados aderirem ao reescalonamento nos termos recentemente propostos pelos bancos franceses. "Nesse caso, a liquidez global diminuiria e haveria uma mudança nos fluxos, com um movimento de "fly to quality", de investidores procurando os Treasuries antes mesmo do aumento do juro nos EUA", disse Rostagno. Ele frisa, no entanto, que esse cenário de confirmação de default por parte das principais agências rating para a Grécia é menos provável, em sua opinião.
Na percepção do economista, esse risco em relação à Europa é pequeno e altas no dólar ante o real são temporárias. "Com o aperto monetário, o diferencial de juro interno e externo alto e a economia brasileira em crescimento, a tendência é de apreciação do real", afirma, acrescentando, no entanto, que espera ações do governo, como ameaçou o ministro da Fazenda Guido Mantega, se o dólar tentar romper a marca de R$ 1,55 para baixo.

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