segunda-feira, 19 de julho de 2010

PERSPECTIVA: CLIMA DIRECIONARÁ CHICAGO NA SEMANA.

Os participantes do mercado de grãos da Bolsa de Chicago começam a semana de olho nas previsões do tempo para as áreas produtoras, especialmente de soja, nos Estados Unidos. Se o tempo ficar seco e quente, as cotações têm potencial de alta. Na semana passada, o vencimento novembro da oleaginosa acumulou valorização de 3,33%. "São Pedro manda no mercado nesta semana", comentou o analista Vinícius Ito, da corretora Newedge, em Nova York. Ele avalia que os investidores estarão de olho no nível de US$ 10,15. "Se o contrato subir até lá, vai zerar as perdas do ano, o que poderá atrair compras de fundos". Na sexta-feira, o novembro perdeu 0,30%, para fechar em US$ 9,85 por bushel.
As lavouras da oleaginosa se aproximam do período mais crítico de seu desenvolvimento nos Estados Unidos - o de enchimento dos grãos - quando calor e estiagem podem reduzir a produtividade. E, neste ano, há pouca margem para erro na safra local, já que os estoques do ciclo anterior estão bem reduzidos, enquanto a demanda segue em ritmo forte. Na sexta-feira, previsões climáticas menos ameaçadoras que as vistas na véspera levaram os investidores a reduzir sua exposição e a realizar lucro no mercado de soja. As cotações perderam os ganhos vistos ao longo do dia, mas fecharam perto da estabilidade, preservando o ganho da semana.
Além de serem voláteis como o mercado, a previsões mudam de agência para agência, o que faz os investidores pisarem em ovos. A DTN Meteorologix, muito citada por agências internacionais, previa, na sexta, pancadas de chuvas no leste e norte do Meio-Oeste durante o sábado, o domingo e o início desta semana. As temperaturas, contudo, devem continuar acima do normal.
Ito, da Newedge, ressaltou que a ausência de chuva é mais preocupante que o calor em si, já que a soja precisa de água para encher o grão. Ele avaliou que o mercado já embutiu um clima desfavorável para as lavouras. Assim, as condições para o fim de julho e para agosto teriam de, de fato, piorar, para o mercado apurar mais ganhos. "Se não chover em Estados importantes como Illinois, Ohio e Indiana, poderemos ver mais altas de preço nesta semana", afirmou. Steve Cachia, também acredita que exista espaço para um rali em Chicago, a depender do padrão climático. "O tempo precisa continuar quente e seco no Hemisfério Norte", disse.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga hoje, às 17 horas, seu relatório semanal de acompanhamento de safra e a expectativa do mercado é a de que a agência mostre relativa estabilidade na qualidade das lavouras ante a semana anterior. Na segunda-feira passada, o USDA reportou ligeira queda qualitativa nos campos de soja. Os de milho e trigo seguiram com praticamente os mesmos índices da semana anterior.
Cereais - Menos ameaçado pelo clima, já que passou pelo período mais crítico de desenvolvimento, o milho também, valorizou: 3% na semana. Boa parte desse ganho esteve relacionada ao mercado de trigo, que disparou 9,15% no período, uma vez que ambos são usados na produção de ração. Se na soja o tempo quente e seco ainda é ameaça, no trigo, os estragos são visíveis. Na Ucrânia a quebra de safra é fato. Na União Europeia as estimativas de produção estão sendo revistas e, na Rússia, espera-se uma revisão para baixo nas projeções. O país vive a pior seca em mais de cem anos.
A perspectiva para o trigo, contudo, é de cautela depois do forte ganho da semana passada. "A oferta no mundo é ampla neste momento, não há perigo de desabastecimento", ponderou Joel Karlin, analista da Western Milling, dos EUA. "A relação entre estoques e consumo na Europa continua confortável e os Estados Unidos têm muito cereal. Novos fatores altistas terão que aparecer para elevar os preços muito mais", disse ele para a agência Dow Jones.

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