quinta-feira, 14 de abril de 2011

SOJA: PRODUTORES DE MATO GROSSO JÁ COMPRARAM 72% DO FERTILIZANTE.

Os bons preços da soja levaram os produtores de Mato Grosso a acelerar as compras de insumos para a safra 2011/12, que começa a ser plantada na segunda quinzena de setembro deste ano. Os agricultores já compraram 68% dos fertilizantes, volume superior aos 55% registrados em igual período do ano passado. No caso das sementes, os produtores compraram até agora 72% da demanda prevista (ante 56% em abril do ano passado) e nos defensivos agrícolas as aquisições correspondem a 66% (ante 52% no ano passado).
Os dados levantados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) foram divulgados hoje durante o seminário de abertura do Circuito Aprosoja. O evento promovido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) reúne especialistas para debater as tendências para a safra 2011/12. Outros encontros do Circuito Aprosoja serão realizados até 25 de maio em mais 19 cidades de Mato Grosso e outros cinco municípios em Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.
China - Em relação às perspectivas de mercado, o executivo Lin Tan, presidente de investimentos da Hopefull, correspondente da trading chinesa DTN, afirmou que os preços da soja devem se manter nos patamares atuais, sem os picos de preços registrados no segundo semestre do ano passado. Segundo ele, a tendência é de retração na demanda nos próximos meses, pois desde o início deste ano as indústrias chinesas operaram com margem de esmagamento negativa.
Ele diz que nos próximos meses as importações chinesas devem passar das 5 milhões de toneladas mensais registradas no segundo semestre do ano passado para 3 milhões a 3,5 milhões de toneladas, em função dos altos estoques existentes no país, que somam 6 milhões de toneladas nos portos e 6,5 milhões de toneladas nas indústrias. Lin Tan observa que em função da margem negativa das indústrias o governo chinês não consegue vender o produto dos estoques oficiais por meio dos leilões, o que deve pressionar ainda mais o preço interno.
A questão dos investimentos chineses no agronegócio foi um dos assuntos mais comentados nos intervalos do seminário promovido pela Aprosoja. Lin Tan afirmou que não existe interesse de investidores chineses na compra de terras em Mato Grosso ou em outras regiões brasileiras. Segundo ele, o agricultor chinês não tem tradição de cultivar em grandes áreas. "Na China, muitas vezes a área de cultivo corresponde à metade de um campo de futebol". Lin comentou que um amigo chinês lhe perguntou se era possível comprar terra no Brasil e quando questionado sobre o tamanho da área disse que pensava algo em torno de 20 hectares. Na China é impossível comprar terras, pois as propriedades pertencem ao governo.
O executivo chinês disse que tem analisado propostas de investidores interessados em investir em infraestrutura e logística, como ferrovias, hidrovias e portos. No caso das tradings, diz ele, a intenção é firmar contratos de parceria de longo prazo com produtores para a compra da soja, por meio do financiamento de insumos para bancar o plantio. A trading que ele dirige quer firmar contratos para comprar 3 milhões de toneladas de soja por ano, que equivalem ao cultivo de 1 milhão de hectares.
O presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, disse que vê com preocupação a intenção dos chineses de reduzir os custos de aquisição da soja por meio da retirada das tradings da intermediação dos negócios. Ele fez esta afirmação ao comentar os investimentos chineses de R$ 7 bilhões para financiar o plantio e comprar 6 milhões de toneladas de soja em Goiás, por meio de empresas estatais e de capital misto. Silveira comentou que, em contrapartida os chineses querem exportar defensivos, maquinas agrícolas e fertilizantes, o que pode "sucatear ainda mais as indústrias brasileiras, que convivem com altas de taxas de juros e custos elevados, como é o caso da energia elétrica".
Na opinião do dirigente da Aprosoja, mesmo sendo importante a aproximação com a China, o Brasil não pode esquecer os parceiros tradicionais, como os Estados Unidos. No entanto, ele reconhece a importância da China, que consome 62% da soja exportada por Mato Grosso. As perspectivas são excelentes, diz ele, pois o potencial de crescimento é grande, uma vez que apenas 26% suínos na China são alimentados com ração balanceada. Silveira comenta que outra vantagem China é não ter tantos problemas como o mercado europeu, que quis impor restrições à soja brasileira por causa de questões ambientais. "Só faz exigências quem está de barriga cheia. A China tem uma população imensa para alimentar", diz ele.
Logística - O economista Paulo Rabello de Castro, um dos palestrantes do evento promovido pela Aprosoja, criticou o investimento direto de capital estatal estrangeiro na agricultura. Segundo ele, o capital é bem-vindo no caso do investimento em infraestrurura, mas deve entrar no País por meio de parcerias com empresas brasileiras, que devem ter participação majoritária. Durante a explanação, Rabello de Castro apresentou uma proposta denominada "Mato Grosso Turbinado", na qual defende a formação de consórcios para investimento em infraestrutura, "pois o setor não pode ficar esperando mais 30 anos pelas ações do governo federal".
Para bancar os investimentos, Paulo Rabello defende a formação de um fundo com participação do BNDES, que entraria com R$ 210 milhões, os empresários do agronegócio (com R$ 170 milhões), mercado financeiro (R$ 100 milhões) e tradings (R$ 100 milhões), além do governo de Mato Grosso (R$ 210 milhões). Pelas projeções do economista, os investimentos poderiam atingir R$ 14 bilhões nos próximos dez anos. No caso do governo, os recursos poderiam vir por meio da redução dos juros cobrados sobre a dívida pública estadual. Ele calcula que se o governo federal reduzir a taxa de juros da dívida Mato Grosso terá em caixa mais R$ 200 milhões, "que hoje são perdidos por causa da agiotagem oficial".

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