segunda-feira, 21 de junho de 2010

CHINA ANUNCIA FLEXIBILIZAÇÃO DA MOEDA YUAN.

O Banco do Povo da China anunciou sábado que medidas adicionais serão tomadas para aumentar a flexibilidade da taxa de câmbio chinesa - que permanecia fixa em relação ao dólar há quase dois anos. Mas ontem, o PBOC explicou que a flexibilização da moeda chinesa, o yuan, não será realizada por meio de um ajuste repentino e que a valorização não será ampla nem rápida, de modo que não afetará os exportadores locais.
Em seu site neste domingo, o Banco do Povo da China demonstrou preocupação com garantir à sua audiência interna que qualquer movimento na taxa de câmbio do yuan será paulatino e sempre considerará o interesse das empresas locais. Também destaca que a oscilação do yuan será "em ambas as direções", querendo dizer que pode tanto se valorizar quanto cair. "O gerenciamento e os ajustes da taxa de câmbio precisam ser conduzidos gradualmente para dar às companhias tempo para ajustar sua estrutura e aos poucos absorver os impactos das flutuações da taxa de câmbio do yuan", afirma o pronunciamento do PBOC.
No entanto, a Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Máquinas e Produtos Eletrônicos declarou que "a apreciação do yuan no longo prazo certamente terá muitos impactos negativos na indústria". A instituição considera que a indústria chinesa já está sob pressão de custos mais altos e da competição com outros países. O diretor do departamento de coordenação de projetos da câmara ponderou que, por enquanto não acredita que aumentar a flexibilidade vai necessariamente significar depreciação no curto prazo. "Achamos que o yuan vai se depreciar quando for necessário", comenta.
O banco central da China diz, ainda, que a reforma do yuan ajudará a garantir um ambiente de comércio internacional positivo e impulsionará o emprego, especialmente no setor de serviços. Desse modo, o PBOC entende que o impacto geral sobre as exportações e o emprego terá saldo positivo. Segundo o PBOC, uma taxa de câmbio mais flexível ajudará a balança internacional de pagamentos da China, mas não tem como objetivo atingir o desequilíbrio comercial bilateral com qualquer país específico (sugerindo que a decisão não foi tomada para reduzir o desequilíbrio comercial com os Estados Unidos).
No sábado, o anúncio foi bem recebido pelos parceiros comerciais da China, mas com certa cautela. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, alertou que o impacto da decisão vai depender dos próximos passos de Pequim. Há quase dois anos câmbio chinês está fixado em cerca de 6,83 yuan por dólar e o PBOC disse que não haverá mudança no limite diário da banda de negociação, de 0,5% ante o dólar. Explicou também que a reforma ajudará a limitar a inflação e bolhas nos preços dos ativos, além de fortalecer a independência e a eficiência da política macroeconômica da China.
O pronunciamento do PBOC surge apenas uma semana antes da reunião do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), que será realizado em 26 e 27 de junho, no Canadá. Analistas avaliam que a China quis evitar que sua política de câmbio se tornasse o centro das críticas internacionais no encontro de cúpula. A decisão também ocorre num momento em que os exportadores chineses vêm sendo pressionados por causa da valorização do yuan frente ao euro, pois desde o início deste ano o euro caiu quase 14% ante a moeda chinesa, em meio à crise europeia.

O yuan atingiu sua cotação mais alta ante o dólar desde a valorização da moeda em 2005, refletindo uma forte demanda pela moeda no mercado doméstico e offshore, apesar de o banco central ter fixado a taxa de câmbio para esta segunda-feira no mesmo nível de sexta-feira. Os ganhos da moeda chinesa se intensificaram após pesadas ordens de venda do dólar terem sido lançadas em uma plataforma pouco utilizada, a qual os traders suspeitam o banco central utiliza para fazer sinalizações ao mercado. A apreciação seguiu-se ao anúncio no sábado do banco central de que tomará medidas adicionais para flexibilizar a taxa de câmbio.
O banco central fixou para esta segunda-feira a taxa de câmbio no mesmo nível de sexta-feira, a 6,8275 yuan por dólar, para deixar claro que a flexibilização será gradual. Mesmo assim, no fim da sessão asiática, o dólar era cotado a 6,7976 yuans no mercado de balcão, bem abaixo de 6,8262 yuans na sexta-feira. O dólar oscilou entre 6,7958 na mínima e 6,8272 na máxima.
A sessão desta segunda-feira foi a mais volátil em quase um ano e meio, com o spread entre a cotação mais alta e mais baixa do yuan atingindo 0,303 yuans, o maior spread desde 3 de dezembro de 2008, quando chegou a 0,343. "No início do dia, o mercado operou próximo aos níveis do fechamento de sexta-feira, mas depois o mercado voltou-se para a perspectiva de o yuan se apreciar no curto prazo", disse um trader em Xangai.
Traders observaram que a demanda por yuan aumentou no mercado local à vista, no meio do dia, após algum participante ter colocado ofertas de venda de dólares abaixo dos níveis do mercado no sistema de preços automático. Este sistema é uma plataforma anônima pouco usada, a qual os dealers acreditam que o banco central utilize em algumas ocasiões para sinalizar suas intenções ao mercado."Acreditamos que o banco central pode estar sinalizando uma ampliação da flutuação do mercado por meio do sistema", afirmou um trader em Xangai.
O yuan nominalmente operou à uma taxa de câmbio superior ao dólar durante a década de 1980, antes de o governo permitir que a moeda fosse negociada. Pequim estabeleceu então o valor do yuan próximo de 8,6 por dólar em 1994, antes de atrelá-lo ao dólar novamente em 2001, em uma margem muito estreita próxima de 8,277 por dólar. Após grande pressão política de seus maiores parceiros comerciais, o BC ajustou a moeda novamente em 2005, permitindo que se apreciasse gradualmente contra o dólar até meados de 2008, quando voltou a controlar a moeda em meio à crise financeira e econômica global.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog

Quem sou ?

Minha foto
SÃO PAULO, CAPITAL, Brazil
CORRETOR DE COMMODITIES.

whos.amung.us

contador de visitas