segunda-feira, 30 de agosto de 2010

MATO GROSSO/SAFRA 10/11: LA NIñA PODE ATRASAR SOJA E REDUZIR ÁREA DE MILHO.

A ocorrência do fenômeno La Niña, que no Brasil retarda a ocorrência das chuvas da primavera, deve provocar atraso no plantio da safra de soja 2010/11 em Mato Grosso, maior produtor nacional. Posteriormente, isso vai se refletir numa redução no cultivo do milho safrinha, que é cultivado, em parte, sobre as áreas da oleaginosa. A avaliação é do presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Elso Pozzobon. Normalmente, as chuvas na região têm início nas duas primeiras semanas de outubro, mas as atuais previsões indicam que a regularização deve ocorrer na segunda quinzena do mês. "Para a soja, a situação não preocupa, porque não afeta o desenvolvimento da lavoura. O problema é que o atraso pode provocar uma redução nas áreas aptas para plantar o milho safrinha", explica.
O município de Sorriso, no médio-norte de Mato Grosso, tem a maior área cultivada de soja no País e é um dos primeiros a iniciar o plantio no Estado. Em 2009/10, foram semeados 600 mil hectares e a produção chegou a dois milhões de toneladas. Em função do vazio sanitário, os produtores locais só podem começar o plantio de verão a partir de 15 de setembro. O milho é implantado somente na segunda safra e ocupou uma extensão de 240 mil hectares na última temporada. A janela de plantio do cereal vai da primeira quinzena de janeiro até 20 de fevereiro.
O presidente do sindicato lembra que o município já enfrentou problemas em 2010, porque as chuvas cessaram no início de abril, antes do que era previsto para a região, provocando quebra de 15% na produtividade de milho segunda safra no Estado. "O normal é ter chuvas até o final de abril. A seca começou cedo neste ano", afirma. A previsão inicial de produção era de pouco mais de um milhão de t, mas foi reduzida para 900 mil t, por causa da perda de rendimento.
Preparo precoce - No oeste baiano, as previsões climáticas indicam que o regime pluvial deve se regularizar somente na segunda quinzena de novembro, período em que o plantio de soja deve ter início na região. Segundo o assessor para agronegócio da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Alcides Viana, este é o padrão que tem se repetido nas últimas safras. A exceção ocorreu no último ciclo, em 2009/10, quando as primeiras chuvas foram registradas em outubro, permitindo que produtores antecipassem o plantio.
A grande preocupação na região é se faltar chuva entre o final de dezembro e janeiro, no período de pleno desenvolvimento das lavouras e alta necessidade hídrica. "Janeiro é crucial. Se ocorrer veranico e faltar chuva, pode haver quebra na soja, milho e algodão", explica Viana.
O assessor da Aiba conta que os produtores começam a avaliar as condições de plantio de uma nova safra ao mesmo tempo em que finalizam a colheita da antiga. "Em maio, na colheita, o produtor já começa a olhar para a safra seguinte e estudar como vai se posicionar e que variedades usar", afirma. Ele explica que, diante do risco de atraso do plantio, os produtores têm procurado comprar sementes mais precoces, com ciclo de desenvolvimento mais curto, que permitam garantir a produtividade mesmo neste cenário.
Previsões - Os serviços climáticos confirmam que o fenômeno La Niña deve afetar todas as áreas produtoras do País em 2010/11. A Somar Meteorologia indica que a combinação do inverno muito seco com a ocorrência do La Niña deve provocar o atraso no retorno das chuvas da primavera. "As chuvas para o Sudeste e o Centro-Oeste devem voltar gradualmente no decorrer de outubro. As condições de plantio para a lavoura de soja dessas regiões, no entanto, só devem ocorrer, mesmo assim de forma parcial, a partir da segunda quinzena de outubro e regularização em novembro", afirmou o sócio diretor da Somar, Paulo Etchichury.
Para as lavouras da região conhecida como Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), as condições ideais para plantio devem atrasar mais ainda, com indicativo do retorno e regularização das águas a partir da segunda quinzena de novembro.
O meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo, considera que "toda a área produtora terá algum tipo de comprometimento". Ele explica que o tempo está muito seco e as frentes frias não têm conseguido avançar para o interior do País. O déficit hídrico típico do inverno não será recomposto em setembro. "Daqui para a frente, essa deficiência deve piorar e será preciso um bom volume de chuvas para recompor a umidade para níveis considerados ideais", afirma. É exatamente o contrário do ano passado, que foi um ano muito úmido, inclusive no inverno. "A dica agora é esperar pela chuva até onde isso seja possível."
Mesmo após a chegada das chuvas, a expectativa é que elas sejam mal distribuídas, como geralmente ocorre em anos de La Niña. Isso poderá prejudicar o desenvolvimento das lavouras depois do plantio. Nascimento diz que a situação é crítica em todo o Centro-Oeste, interior do Nordeste, Pará, Tocantins e Paraná. "Toda a área produtora de grãos terá algum tipo de comprometimento", afirmou. Ele conta que áreas em Rondônia, Acre e noroeste de Mato Grosso registraram chuvas leves. "Normalmente, nesta época a umidade da região Amazônica desce para o resto do Brasil, mas neste ano isso vai demorar um pouco mais."

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