terça-feira, 22 de março de 2011

JAPÃO DEVE AUMENTAR IMPORTAÇÃO DE ALIMENTOS PRONTOS OU PROCESSADOS

O Japão deve aumentar as importações de alimentos processados ou prontos para consumo no segundo trimestre, enquanto luta para se recuperar das consequências do terremoto e do tsunami que atingiram o país recentemente. A crise nuclear que sucedeu a tragédia aumentou as preocupações relacionadas à contaminação de alimentos dentro do país. As áreas atingidas pelo terremoto, no norte do Japão, produzem cerca de um terço da ração animal do país, de 17% a 18% do arroz, e são uma importante fonte de produtos marinhos. Após a identificação de radiação em amostras de alimentos, há pedidos para que seja interrompida a circulação de produtos provenientes da área afetada.
Nesta terça-feira, a agência de notícias Kyodo News relatou que foram encontradas partículas de iodina-131 radioativa na água do mar a cerca de 16 km da usina nuclear prejudicada pelo terremoto. Citando a companhia Tokyo Electric Power, responsável pela usina, a Kyodo disse que os produtos marinhos da área próxima aos reatores nucleares não serão comercializados.
A área próxima a Fukushima, onde está a usina, é famosa por sua aquicultura com ostras, mariscos e moluscos em geral, de acordo com o presidente da trading de commodities Unipac Grain, Nobuyuki Chino. Ele explicou que pode levar de dois a três anos para que as áreas fiquem novamente livres de radiação. Enquanto isso, esses itens terão de ser produzidos com mais intensidade no sul do Japão, nos mares de Mie e Sado.
Embora o plantio de arroz ainda esteja a algumas semanas de iniciar e as cargas de milho venham sendo desviadas para portos no sul do Japão, o atraso na produção e no fornecimento de ração animal pode resultar em demanda maior por carnes de outras origens. As importações de alimentos processados provavelmente aumentarão, segundo o analista de commodities Abah Ofon, da corretora Standard Chartered Global Research. Ele disse que a demanda japonesa para importação de suínos vai crescer ainda mais. O Japão já é o maior importador mundial de suínos.
Outros analistas esperam circulação maior tanto de alimentos embalados quanto de produtos agrícolas, do sul ao norte do Japão, para minimizar o risco de contaminação da comida. Fabricantes de ração animal estão tentando superar a situação aumentando bastante a produção.
Segundo Chino, da Unipac, muitas indústrias estão fazendo mudanças. A produção de ração pode crescer até 30% em Hokkaido e 20% em Shibushi, além do nível normal. Mesmo em Kashima, atingida pelo terremoto, a produção pode aumentar 40%, apesar da necessidade de se receber milho importado em outros portos e ter de transportá-lo dentro do país.
Mas traders e autoridades da indústria dizem que, a despeito dos esforços, nos próximos seis meses as importações de milho para produção de alimentos e ração devem cair de 6% a 9%, levando a um aumento da demanda por alimentos processados e congelados de outros países.
De acordo com algumas estimativas, as importações de milho para ração devem cair de 8% a 16% nos próximos seis meses. Os criadores de animais costumam estocar um volume limitado de ração, e o processo de retirar os animais das fazendas vem sendo dificultado pelas condições das estradas e pela falta de combustível para uso imediato, de acordo com o diretor do Conselho de Grãos dos Estados Unidos (USGC) no Japão, Tommy Hamamoto.
Chinó acrescentou que os portos duramente afetados pelo desastre levarão de quatro a seis meses para serem reparados. Por enquanto, a possibilidade de que alimentos contaminados cheguem a outros países parece remota, pois o Japão não é grande exportador de alimentos e produtos agrícolas. Ainda assim, muitos países estão avaliando os produtos japoneses importados, em alerta para o risco de contaminação radioativa.

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