quinta-feira, 26 de maio de 2011

PERSPECTIVAS/SOJA: CHINA E DÓLAR IMPÕEM CAUTELA.

O painel sobre o mercado de soja destoou dos demais realizados no seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2011 e 2012, hoje, ao apontar uma postura mais cautelosa para preços e demanda nos próximos anos. Fernando Muraro, da consultoria AgRural, um dos palestrantes, vê as commodities agrícolas cada vez mais atreladas aos mercados financeiros e diz que o atual ciclo de alta desses ativos está próximo do fim. "Em 2012 ou 2013, o dólar deve inverter sua tendência de queda e afetar as matérias-primas", afirmou ele, que vê ciclos de sete a oito anos na moeda norte-americana.
Ele argumenta que a financeirização dos mercados de commodities injetou uma alta dose de incerteza que precisa ser levada em consideração no momento de formar a safra. "Tenho saudade do tempo em que oferta e demanda ditavam preço", diz. "A soja virou um ativo financeiro. 63% do mercado estão nas mãos de fundos de investimentos e eles são o melhor guia para ver qual a tendência do mercado", afirmou.
Neste sentido, diz, é preciso um olhar cada vez mais atento para os ativos financeiros, especialmente o índice dólar, que nos últimos anos tem mostrado uma relação inversa quase perfeita com as commodities. As mínimas do dólar têm correspondido às máximas das commodities. "Os estoques mundiais de trigo caíram 5% e o preço subiu 71%. É desproporcional", disse. Segundo ele, a correlação entre o CRB, índice que mede as variações de uma cesta de várias commodities, e o índice dólar foi de 75% entre junho de 2010 e maio deste ano. "A soja subiu porque o dólar estava barato e temos que estar atentos a este cenário."
Já Thomas Von Rhymon, diretor do braço brasileiro da trading Glencore, se disse preocupado com a perspectiva de consumo. "O que me preocupa é a desaceleração da demanda mundial, da China principalmente." Ele lembra que no início da safra o mercado estava certo de que o país importaria no mínimo 58 milhões de toneladas de soja. Agora em maio, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos baixou a estimativa para 54,5 milhões de t, mas, segundo o executivo, o mercado tem trabalhado com 51 milhões de t, ou menos. "Essa diferença de 3,5 milhões de t vai sobrar no Brasil, porque os EUA já venderam sua safra", disse.
Rhymon se disse cauteloso com a China porque se sabe pouco sobre o que de fato acontece no país. Segundo ele, uma eventual sobra de soja no Brasil não afetaria os preços em Chicago, mas o assunto merece mais atenção do que está recebendo.
Embora cautelosos com o longo prazo, ambos os palestrantes ainda veem um período de preços sustentados no curto prazo por causa do pouco espaço para erro na safra que está se desenvolvendo nos Estados Unidos. Rhymon estima que os preços em Chicago devem oscilar na faixa entre US$ 12 e US$ 14 até que se tenha uma ideia melhor dos fundamentos de oferta e demanda.

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