segunda-feira, 23 de agosto de 2010

QUEBRA NA RÚSSIA MELHORA CENÁRIO PARA GRÃOS NO BRASIL.

O produtor brasileiro passou da cautela para o otimismo em apenas dois meses, depois que a quebra da safra de trigo na Rússia, Ucrânia e países da região do Mar Negro mudou a perspectiva de preços para os grãos no mercado internacional. A avaliação é de Fernando Pimentel, sócio da consultoria Agrosecurity, que participa hoje do Seminário Crop World, em São Paulo. Os participantes do evento discutem novas estratégias para a indústria de fertilizantes e defensivos na América do Sul.
Segundo Pimentel, a severa perda de produção no Leste Europeu deve transferir demanda dos complexos energia e proteína para produtos como canola, milho, soja e trigo produzidos em outras regiões, entre elas o Brasil. "É um movimento que está gerando oportunidades para o produtor nacional", afirmou. Ele calcula que, não fossem os problemas no Hemisfério Norte, o preço da soja poderia estar em torno de US$ 9/bushel, ou até menos. Neste momento, contudo, os contratos mais negociados são negociados acima de US$ 10/bushel.
O consultor observa que a rentabilidade dos produtores do Cerrado brasileiro vinha caindo desde 2008. Para 2010/11, diz ele, o setor já trabalhava com a perspectiva de margem ruim ou até de prejuízo. Agora, a melhora dos preços na Bolsa de Chicago (CBOT) deve garantir um fluxo positivo até meados do primeiro semestre de 2011. "Antes, o cenário para a safra estava associado ao risco de preço e de clima, mas agora ficou restrito ao clima. O risco de preço foi mitigado pela quebra da produção da Rússia", observou. Pimentel destaca que neste cenário, qualquer evento climático pode catapultar os preços a soja para mais de US$ 12/bushel.
A melhora de preços inclusive acelerou o ritmo dos negócios para a atual safra e para a próxima. Isso, na avaliação do executivo, fará com que as estimativas para os estoques finais em 2009/10 sejam ajustadas. No milho, por exemplo, a expectativa era de uma sobra de 11 milhões de toneladas. "Esse número já pode ser revisado", garantiu.
O movimento de alta nas cotações de grãos no mercado internacional também influenciou os preços internos do milho, que estavam deprimidos no primeiro semestre em função da ampla oferta nacional. Segundo Pimentel, em Sapezal, na região oeste de Mato Grosso, os preços já subiram entre R$ 2 e R$ 3/saca sobre os R$ 7,90/saca registrados há cerca de 60 dias, antes das primeiras notícias de quebra da safra russa. "Em Mato Grosso, além dos leilões de prêmio de escoamento do governo, os produtores também poderão se beneficiar do aumento de exportações", afirma.
Governança - Em sua palestra, que vai encerrar a primeira edição do Crop World no Brasil, Pimentel falará sobre as alternativas das indústrias de insumos para captar recursos junto aos bancos, usando como garantia os títulos de recebíveis do agronegócio, como cédula do produtor rural (CPR) e duplicatas, entre outros. "A dificuldade é atrair investidores, bancos e fundos que não conseguem avaliar a qualidade destes títulos, mas queremos mostrar que já existem ferramentas com tecnologia para dar o rating (classificação) destes recebíveis", afirma Pimentel.

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