quinta-feira, 5 de maio de 2011

MILHO: CLIMA E ESTOQUES BAIXOS DEVEM MANTER PREÇO FIRME.

Os preços do milho devem seguir sustentados no mercado interno mesmo com a entrada da safrinha, em julho. Estoques menores do grão e o risco climático às lavouras da segunda safra, semeadas mais tarde em Mato Grosso, dão suporte aos preços, que nos últimos 12 meses acumulam alta de 56,62%, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O indicador medido pelo centro de pesquisas reflete o mercado de Campinas (SP) e chegou a R$ 28,38/saca ontem, superando os R$ 18,12/saca atingidos na mesma data do ano passado. O recorde de preços foi registrado em 2007, quando o indicador atingiu R$ 34,62/saca em 6 de dezembro.
Segundo analistas, as exportações no segundo semestre de 2010 - quando foram embarcadas 8 milhões toneladas do grão, do total de 10,8 milhões de toneladas exportadas no ano passado - puxaram os preços da commodity. O desempenho se deveu ao apoio dado pelo governo à comercialização por meio de leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP). As operações tiraram boa parte do excedente de produção do mercado interno e os estoques de passagem caíram muito. Para esta safra, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta estoques finais de 10,9 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, os estoques também estão baixos, de 17,14 milhões de t, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Fernando Pimentel, analista da Agrosecurity, diz que se a safra norte-americana não for muito boa, os preços serão sustentados pela oferta reduzida. Ele lembra que o milho substitui o trigo na ração animal e, com a quebra da safra de trigo no norte da Europa, o cereal foi ainda mais demandado, com reflexo nos preços.
Para o segundo semestre, os preços ganham sustentação no clima, tanto internamente quanto nos Estados Unidos, segundo Pimentel. No Brasil, a safrinha de milho foi semeada mais tarde, em função do atraso na colheita da soja, e isso eleva os riscos para o desenvolvimento da cultura. Em Mato Grosso, por exemplo, o problema é a estiagem. Já nos Estados Unidos, o plantio está atrasado em razão das chuvas. "O cenário é altista", diz o analista.
O desempenho das lavouras de trigo nos principais países produtores também ganha atenção do mercado e terá impacto nos preços do milho. "A possibilidade de o preço cair depende de a safra norte-americana ser muito boa, a de trigo também e a safrinha nacional também", diz Pimentel. No mercado interno, os preços estão sustentados e devem continuar desta forma, pois o produtor está capitalizado e sem pressa para negociar o grão. "Ele tende a trabalhar a oferta lentamente e trabalhar melhor o preço. Não precisa vender a qualquer valor para se capitalizar."
André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult, estima que o ritmo de compras das tradings no segundo semestre deve repetir 2010, com aquisições de volume para garantir os estoques. A exportação está fortalecida mesmo com o câmbio em baixa e essas operações ganham força especialmente nas regiões próximas aos portos. "Se a demanda continuar como está, o mercado interno terá que igualar os preços para adquirir o produto, outro fator de sustentação dos preços", avalia Fernando Pimentel.
Na opinião de André Pessôa, há espaço para que os preços do cereal subam neste ano, mas sem registrar altas expressivas como no ano passado. Ele diz que o fiel da balança será a safra norte-americana. Se houver frustração de safra aumentará a procura pelo cereal do Brasil. Ele acredita, contudo, que o preço vai subir independentemente da safra americana.
Representantes da indústria de suínos já trabalham com preços sustentados para o milho e com margens reduzidas de lucro em 2011.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), o cereal representa 63% dos custos de produção. "Os preços irão continuar firmes por conta do mercado internacional", projeta Jurandir Machado, diretor de mercado da Abipecs. Ele afirma que o setor conta com intervenções do governo, ofertando seus estoques, para regular os preços de mercado e minimizar as perdas da indústria.

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