quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ALGODÃO DEVE SUBIR MAIS NO INÍCIO DE 2011

Em meio ao avanço do plantio da safra 2010/11, os preços do algodão no mercado interno se mantêm em alta e atingiram nesta semana nova máxima, impulsionados pela disponibilidade cada vez menor da mercadoria remanescente da safra passada e pelas contínuas altas registradas nas cotações dos futuros negociados em Nova York. Com uma escassez de oferta no curto prazo não apenas no Brasil, mas também nos demais países fornecedores da matéria-prima, a expectativa é a de que os preços tenham altas ainda mais expressivas no início de 2011.
O indicador de preços do algodão calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) fechou ontem cotado a R$ 2,9056 por libra-peso para pagamento em oito dias e atingiu novo recorde nominal da série histórica iniciada em 1996, acumulando alta de 8,35% em dezembro. Já o indicador diário à vista fechou ontem em R$ 2,8860 por libra-peso, variação positiva no mês de 8,36%.
Analistas consultados pela Agência Estado destacam que os estoques brasileiros estão muito ajustados, ao mesmo tempo em que a indústria mantém o interesse de compra para tentar repor estoques. A proximidade do final de ano contribui para retrair ainda mais a oferta, pois os produtores devem aguardar janeiro para aproveitar melhores preços e também optar por recolher o Imposto de Renda sobre a negociação somente em 2012.
A escassez de mercadoria levou algumas indústrias a entrar em férias coletivas e outras se preparam para o recesso do final do ano, mas parte dos agentes tem ofertado valores acima da média, o que manteve os preços internos em alta. Os analistas comentam que a solução para a indústria brasileira é importar, mas também não há muitas origens no mercado internacional com mercadoria disponível para venda.
De outubro deste ano até maio de 2011, o governo liberou a importação de 250 mil toneladas de algodão com isenção da taxação de 10% da Tarifa Externa Comum (TEC), incidente sobre as compras de países fora do Mercosul. "Os Estados Unidos seriam a única alternativa viável em relação à logística e preço, mas eles só têm algodão disponível para abril de 2011. Não se consegue nada para embarque em janeiro, então é por isso que o algodão que está aqui disponível para venda está com preço tão alto", disse uma fonte, lembrando que o volume disponível no País é muito baixo. Esse cenário só deve mudar quando a safra 2010/11 começar a entrar no mercado brasileiro. "Provavelmente vai depender do posicionamento da indústria, mas a demanda aparentemente está aquecida, e acho que poderia ter espaço sim para alta", completou a fonte.
Em Nova York, as cotações dos futuros fecharam ontem em baixa pela primeira vez depois de cinco sessões seguidas de alta. A valorização do dólar frente a uma cesta de outras moedas, que diminuiu o interesse dos investidores pelas commodities, pressionou as cotações do algodão negociado na bolsa ICE Futures US. O contrato com vencimento em março recuou 235 pontos ou 1,63% e fechou a 142,14 cents/libra-peso. As preocupações com a oferta mundial, principalmente em meio às incertezas relacionadas à Índia, também vêm dando sustentação aos preços.
O ministro da Agricultura indiano, Sharad Pawar, informou que um painel ministerial se reunirá dentro de dois dias no país para decidir sobre a prorrogação do período de exportação do que já foi vendido, que terminou ontem. A Índia, segundo maior exportador de algodão do mundo, autorizou a exportação de 5,5 milhões de fardos de 170 quilos cada no ano comercial iniciado em 1º de outubro de 2010, e todo o volume foi contratado poucos dias após a abertura do período de registro obrigatório de embarques. Os traders então se comprometeram a exportar esse volume até meados de dezembro, de acordo com uma regulamentação local.
No entanto, eles dizem que muitos não conseguirão honrar os compromissos dentro do prazo, já que chuvas tardias atrasaram a colheita da safra de algodão. A demanda pelo produto indiano cresceu nos últimos meses, uma vez que o país espera uma safra abundante de 32,5 milhões de fardos em 2010/11 enquanto outros importantes produtores, China e Paquistão, sofrem com as enchentes.
Plantio nacional - No Mato Grosso, principal Estado produtor, passados 15 dias do início do plantio após o período de vazio sanitário para o controle do bicudo-do-algodoeiro, a estimativa é de que 30% da área prevista já tenha sido plantada. "O ritmo está bom, porque não está faltando tanta chuva, está mais ou menos na medida correta", afirmou Álvaro Salles, diretor executivo do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt). Ele estima que o plantio da primeira safra deve se encerrar entre 5 e 10 de janeiro, e que cerca de 60% da produção já foi comprometida para venda. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o Estado deve plantar 595.250 hectares, 42% a mais que em 2009/10.
Isabel da Cunha, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), comenta que 80% da área destinada ao algodão já foi semeada no Estado, com expectativa de finalizar a implantação até o Natal. "As chuvas estão esparsas, mas está na medida. A princípio não estamos tendo problemas de replantio", disse ela. A estimativa da entidade é de uma área plantada com algodão de 400 mil hectares nesta safra, sendo 360 mil na região oeste e os outros 40 mil no sudeste. Segundo ela, os produtores comercializaram antecipadamente pelo menos 60% da produção.

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