quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

BIODIESEL: NECESSIDADE DE ESCALA PRIORIZA SOJA COMO MATÉRIA PRIMA.

Os ganhos econômicos e sociais gerados com a inclusão da agricultura familiar no programa de biodiesel não garantem que o óleo obtido da mamona e do girassol seja utilizado em escala na produção do combustível. "A soja ainda vai ser a matéria prima principal da produção do biodiesel por cerca de 20 anos ou mais", diz Olívio Teixeira, professor de Economia da Universidade Federal de Sergipe e que há mais de 20 anos estuda a agricultura familiar. Para ele, há uma limitação de escala na produção a partir das culturas de mamona, girassol e outras oleaginosas alternativas. "Estas culturas foram introduzidas na agricultura familiar para ser um complemento de renda em regiões onde os recursos econômicos são escassos. Dentro desta missão, eles nunca terão escala suficiente porque o objetivo não é transformar a propriedade familiar em grandes empresas de agronegócio", disse.
Além disso, Teixeira afirma que a agricultura familiar não tem acesso aos recursos tecnológicos oferecidos ao agronegócio, o que também é um obstáculo para a obtenção da escala necessária para que estas oleaginosas entrem no espaço hoje ocupado pelo óleo de soja. O professor estima que, em três a cinco anos, com o desenvolvimento do programa da Pbio, essa escala será melhor. "O programa ainda é recente e está sendo implantado. Em pouco tempo, a produção da agricultura familiar será muito maior com a utilização de máquinas, equipamentos, insumos e o solo corrigido", disse.
Farelo e óleo - A economista Amaryllis Romano, analista da Tendências Consultoria, ressalta que o óleo de soja continuará sendo amplamente utilizado na produção de biodiesel, apesar dos avanços de outras matérias primas, porque o biodiesel é uma forma de escoar o óleo de soja, subproduto do esmagamento do grão. "Enquanto houver demanda para o farelo de soja na indústria de ração animal e alimentação humana, o óleo continuará sendo utilizado no programa de biodiesel", disse.
Segundo ela, isto só vai mudar quando o próprio consumo do biodiesel ganhar escala e for maior que a demanda por farelo de soja. "Então, com a oferta de óleo de soja limitada pela oferta de farelo, óleos de outras matérias-primas terão mais mercado", acredita. Amaryllis aponta também a necessidade de criação de mercados específicos para o óleo de mamona, girassol, dendê, além do programa de biodiesel. "A expansão de mercados para estes óleos também criará escala de produção", disse.
Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que, em dezembro de 2010, 75,22% do biodiesel produzido no Brasil utilizava óleo de soja como matéria prima. Do total produzido, 20,58% utilizaram gordura bovina como matéria prima e 2,41%, o óleo de algodão. Outras matérias primas utilizadas foram apenas 1,79% do total, sendo os principais citados pela ANP: o nabo-forrageiro, óleo de fritura usado, gordura de frango e porco. Mamona, girassol e dendê não são citados pela ANP em seu relatório de janeiro de 2011.

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