quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SOJA/MT-CUSTO DE PRODUÇÃO ATINGE MAIOR VALOR DO ANO.

A maioria dos produtores em Mato Grosso já adquiriu os insumos para o plantio da safra e está apenas aguardando um bom volume de chuvas para iniciar o plantio com segurança, sem riscos de perder as sementes jogadas no solo por causa do déficit hídrico. Os agricultores retardatários, que deixaram para comprar os insumos em cima da hora, estão pagando mais caro pelas mercadorias.
Os dados do levantamento mensal sobre o custo de produção da soja do Instituto Mato-grosssense de Economia Agropecuária (Imea), vinculado à Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, mostram que em setembro os gastos com insumos atingiram os maiores valores deste ano. Em relação ao mês passado, as despesas com insumos cresceram 4,9% e comparativamente a setembro de 2009 a alta foi de 5,5%. Os insumos representam 82% do custo operacional da soja (despesas com o plantio) e pela metade do custo total.
O maior impacto para quem deixou para fazer as compras às vésperas da colheita foi no valor pago pelas sementes, cujos preços aumentaram 5,1%. Os preços das sementes recuaram em junho e julho, tiveram leve recuperação em agosto e disparam agora em setembro. Os gastos com sementes representam 13% do custo operacional da soja e por 8% do custo total.
No caso dos fertilizantes, que respondem por 44% do custo operacional e por 27% do custo total, os gastos em setembro cresceram 1,7% em relação a agosto e 9,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. A maior parte do fertilizante é adquirida pelos agricultores por meio do sistema de trocas, com antecipação do insumo e entrega da soja após a colheita, uma vez que o volume de recursos do crédito oficial é insuficiente para bancar o plantio e muitos agricultores que estão inadimplentes têm dificuldade para conseguir novos financiamentos nos bancos. Das vendas antecipadas para entrega na próxima safra, pelo menos 36,2% já estão com preços fixados, conforme o levantamento de setembro do Imea. O porcentual é superior ao do ano passado, pois em igual é período apenas 22,5% da soja estava fixada.
O defensivo agrícola, que também faz parte do pacote de trocas com tradings e revendas, muitas vezes em operações triangulares, também teve alta de preços em setembro, impulsionada pelo aumento recente dos preços da soja. Desde o início dos anos os preços dos defensivos estavam queda, com destaque para o recuo de 7% em agosto, mas em setembro houve uma reação, com o expressivo crescimento de 11%. A maior alta ocorreu nos preços dos fungicidas (16,8%), vindo em seguida os herbicidas (12,1%) e os inseticidas (6,4%). Apesar do aumento nos gastos com defensivos neste mês, os valores estão 1,3% abaixo dos registrados em setembro do ano passado. As despesas com defensivos respondem por 26% do custo operacional e por 11% do custo total.
Os dados citados são relativos ao cultivo da soja na região do médio-norte de Mato Grosso, que responde por 40% da área plantada com soja em Mato Grosso. O custo de operacional calculado pelo Imea neste mês, levando em conta uma produtividade de 52 sacas por hectare, ficou em R$ 936,53 por hectare, valor 1,1% acima do registrado em setembro do ano passado. Em relação a agosto a alta foi de 4,1%. Em dólar, que é a referência dos agricultores na venda da soja, o custo operacional subiu 8,1% em relação a setembro do ano passado e 6,5% comparado a agosto. A desvalorização cambial de 5,5% no ano e de 2,3% no mês contribuiu a que o custo subisse na moeda brasileira. Além disso, houve redução nas despesas calculadas em Real, como mão-de-obra, armazenagem, beneficiamento e colheita.
O custo total em setembro foi calculado em R$ 1,503 por hectare, correspondente a R$ 28,92 por saca de 60 quilos, valor 6,4% inferior do mesmo mês do ano passado (R$ 1,606 por hectare e R$ 30,90 por saca). Em dólar, o custo total foi de US$ 873 por hectare, valor praticamente estável em relação a setembro do ano passado.
A grande diferença para esta safra está na rentabilidade projetada para a soja. Os custos recuaram em relação ao ano passado, enquanto as cotações na Bolsa de Chicago estão 16% maiores. Agora, os produtores estão na expectativa em relação ao clima, pois o plantio está atraso por causa da falta de chuvas e deve começar efetivamente apenas na próxima semana. Existem relatos de alguns casos de produtores mais ousados que plantaram "no pó", aproveitando as primeiras chuvas, mesmo sem a reserva hídrica necessária no solo. No ano passado, no fim de setembro, quase 300 mil hectares estavam semeados. O impacto do fenômeno climático La Niña nas lavouras é a principal incógnita nesta safra.

Venilson Ferreira, correspondente.

venilson.ferreira@grupoestado.com.br

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