segunda-feira, 22 de novembro de 2010

LA NIñA COMPROMETE EXPECTATIVAS PARA SAFRA 2010/11

O Brasil está sob influência de um novo episódio do fenômeno La Niña desde o inverno, no momento plenamente configurado, e cuja intensidade é considerada como uma das mais fortes das últimas décadas, devendo persistir pelo menos até meados de 2011. Segundo a Somar Meteorologia, em seu boletim semanal, o fenômeno não traz boas expectativas para a safra de verão 2010/11, já que as estatísticas mostram que nesses anos no Brasil normalmente ocorre uma redução do potencial de produção das lavouras, em especial de soja e milho.
De acordo com a Somar, depois do inverno e começo da primavera extremamente secos em grande parte do Brasil, em novembro se observou uma maior frequência e intensificação das chuvas, recuperando as condições de umidade do solo e favorecendo o avanço do plantio das lavouras de verão sobre as Regiões Sudeste, Centro-Oeste e sul da Região Nordeste. A partir de agora as atenções se voltam para as condições do clima no restante do ano e para o próximo verão. A Somar fez uma avaliação das principais consequências do fenômeno La Niña nas regiões produtoras de grãos do País.
Sul - O primeiro semestre foi chuvoso, ainda em virtude da influência do El Niño. No entanto, a partir de agosto, com a instalação do La Niña, o Sul do Brasil passou a enfrentar uma redução gradual das chuvas. A primavera de 2010 deve ser considerada mais fria do que a do ano passado, o que afeta o ciclo de desenvolvimento das plantas, retarda a recuperação das pastagens, e prejudica diretamente a instalação da lavoura de arroz.
Para o verão, em virtude da presença do La Niña, o problema deve se concentrar nos períodos de chuvas abaixo da média e risco de estiagens regionalizadas. Com a perspectiva de o fenômeno se prolongar até meados de 2011, a tendência é de prolongamento do período de escassez de chuva que, além das lavouras, pode prejudicar os sistemas de abastecimento de água para consumo da população.
Sudeste/Centro-Oeste - A principal consequência da instalação do La Niña sobre as Regiões Sudeste e Centro-Oeste é o período seco (inverno) mais intenso e o atraso das chuvas na primavera.
Segundo a Somar, para o verão, o problema se inverte e as lavouras podem sofrer com períodos de chuvas mais concentrados entre janeiro e fevereiro, por causa da atuação das frentes frias associadas com a umidade da Amazônia. "O período mais chuvoso pode favorecer o surgimento de doenças e pragas, assim como aumentar o risco de problemas durante a colheita", alerta a Somar.
Nordeste - Ao contrário do que acontece no Sul, anos de La Niña no Nordeste apresentam um padrão climático, em geral, mais favorável à ocorrência de chuva. No entanto, para as partes sul e oeste da Região Nordeste (oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul do Piauí), que incluem as áreas produtoras de soja, milho e algodão, num primeiro momento, o La Niña retarda a instalação do regime de chuvas. Mas, na sequência, o verão deve apresentar um período de chuvas mais abundantes e favorecer o desenvolvimento das lavouras. Deve-se considerar, no entanto, que em 2011 as chuvas devem se prolongar até abril e meados de maio, o que pode definir e interferir na fase final da lavoura de algodão.
Para o sertão e agreste, que têm período chuvoso entre fevereiro e maio, a presença do La Niña se mostra favorável, muito embora nesse caso além do Oceano Pacífico, são as condições do Oceano Atlântico próximo da costa é que definem a qualidade dessa estação chuvosa. "Mas, sem dúvida, a expectativa para o Nordeste é que o ano de 2011 seja um pouco mais chuvoso do que 2010", observa o sócio diretor da Somar, Paulo Etchichury.
Próximos 15 dias - A Somar meteorologia informa que o padrão das chuvas não muda muito nos próximos 15 dias, em relação ao observado na primeira quinzena de novembro. De um modo geral, as chuvas continuam concentradas entre o Sudeste, Centro-Oeste, Norte e sul do Nordeste. "Pode-se afirmar que se trata da instalação do regime de chuvas de verão (frente fria associada com a umidade da Amazônia)", informa Etchichury.
Já a Região Sul continua enfrentando um período de pouca chuva e deve agravar o quadro de estiagem já observado em algumas regiões, principalmente sobre o sul do Rio Grande do Sul. "Outro destaque para os Estados da Região Sul se refere ao comportamento da temperatura, que deve aumentar nos próximos dias, com indicativo de forte onda de calor (temperatura acima de 35 graus) entre a última semana de novembro e o início de dezembro, o que contrasta com o frio e temperaturas amenas registradas até o início de novembro", alerta a Somar.
Chuva em novembro - Conforme a Somar o acumulado de chuvas de novembro mostra uma concentração dos maiores volumes de água sobre o Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, norte/nordeste de Mato Grosso, Tocantins, oeste da Bahia e sobre partes da
Região Norte.
Os índices de água disponível do solo, que refletem o resultado das chuvas acumuladas em novembro, mostram uma recuperação sobre os Estados do Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil. Embora ainda insuficientes para repor o déficit hídrico acumulado, os níveis de umidade já conseguem dar sustentação ao plantio e desenvolvimento das lavouras de verão, bem como favorecem a recuperação das pastagens. Na semana passada se observou uma melhora das condições de umidade do solo na Bahia, sul do Maranhão e no sul do Piauí.
Argentina - Em períodos de La Niña na Argentina e no Paraguai, assim como ocorre nas lavouras de soja do Sul do Brasil, também se observa uma redução das chuvas e aumenta o risco de estiagens regionalizadas no verão.
Para a safra 2011, portanto, muda o cenário climático em relação ao observado na safra passada, diminuindo em tese o potencial de produção. O resultado, porém, não pode ser comparado com o observado na safra de 2009, cuja produção da Argentina foi fortemente prejudicada pelo longo episódio de seca iniciado no ano anterior.
Para a fase de plantio das lavouras de verão da Argentina, que se concentra entre novembro e dezembro, não deve haver grandes problemas. Algumas regiões produtoras, no momento, porém, apresentam déficit hídrico, pois a primavera, em virtude da presença do La Niña, não está sendo chuvosa e, com isso, ainda não houve regularização do déficit de umidade do solo acumulado desde o inverno.
Segundo a Somar, pelos menos nas próximas duas semanas as condições de tempo não mudam muito. "Permanece a previsão de pouca chuva e elevação da temperatura com indicativo de forte calor para este fim de mês, com as temperaturas do período da tarde se aproximando da casa dos 40 graus", conclui Etchichury.

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