quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

COMMODITIES: ESPECULAÇÃO PODE PROVOCAR MAIS REGULAÇÃO

A elevação dos preços globais das commodities vem sendo conduzida, em parte, por especuladores. Isso pode acabar despertando uma onda de medidas regulatórias por parte dos governos de diversos países que buscam controlar os preços de alimentos básicos e evitar bolhas já vistas em outros mercados.
As cotações de muitas commodities certamente subiram em resposta a recentes rupturas no abastecimento e à crescente demanda. Mas é o impacto maior do que o normal provocado pelos investidores que especulam com commodities - alavancados por baixas taxas de juros - que poderia provocar bolhas insustentáveis em alguns mercados, irritar consumidores e alertar os políticos para o risco da negociação de derivativos. O fato de que os preços das commodities estão subindo tão cedo, depois de um salto similar em 2008, poderia indicar que alguns mercados estão descolados demais dos fundamentos de oferta e demanda, colocando em risco o crescimento econômico.
Muitos governos de países desenvolvidos estão estimulando controles de preços de alimentos para combater a inflação e repelir o tipo de descontentamento que provocou protestos violentos na crise alimentar de 2008. A França, que atualmente está na presidência do Grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), vem pressionando os mercados por mais regulação e transparência no comércio de commodities, inclusive em derivativos.
O vice-ministro de Finanças para Relações Internacionais do Japão, Rintaro Tamaki, afirmou na semana passada que o país "compartilha da opinião de que a flutuação dos preços das commodities foi algumas vezes excessiva e desestabiliza o crescimento da economia".
Nas bolsas de contratos futuros nos Estados Unidos, maior exportador mundial de grãos, o saldo comprado dos especuladores em 14 principais contratos derivativos de agricultura atingiu um recorde de 104 milhões de toneladas em novembro, de acordo com um relatório do ANZ Banking Group. Ficou bastante acima do pico anterior, de 78 milhões de toneladas, registrado em março de 2008.
Trata-se de uma grande mudança em relação ao ano passado, quando os especuladores tinham posição líquida de venda nos futuros agrícolas dos Estados Unidos. Assim, a Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC), nos Estados Unidos, está avaliando impor limites sobre a especulação, inclusive restrições para o número de contratos que uma companhia pode deter.
O excesso de especulação de "turistas de investimento" agrava a instabilidade dos mercados, mandando sinais que não estão embasados nos fundamentos, afirma o secretário para o Grupo Intergovernamental de Grãos na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Abdolreza Abbassian.
De acordo com o presidente da trading japonesa Unipac Grain, Nobuyuki Chino, os preços do trigo nos Estados Unidos ficariam mais perto dos US$ 6/bushel se não houvesse interesse especulativo. Nesta quarta-feira, o contrato março fechou a US$ 8,5650/bushel. Chino diz que o milho deveria ser negociado em torno dos US$ 5/bushel. Hoje, fechou a US$ 6,5775/bushel. A soja, por sua vez, poderia operar próxima a US$ 13,20/bushel. Hoje, fechou a US$ 13,8550/bushel. Outros analistas entendem que é difícil quantificar o prêmio resultante da especulação.
A consultora da FAO Ann Berg observa que há "alguns estudos sugerindo que a especulação adicionou de 20% a 30% nos preços do mercado (futuro), mas eles nunca são justificados". Segundo ela, "o que você pode dizer é que os mercados futuros às vezes funcionam com prêmio substancial em relação ao mercado à vista".
Essas notícias são boas para os investidores que apostam na elevação dos preços dos alimentos. Mas, para os consumidores, especialmente em países mais pobres, a consequência pode ser desastrosa. Por isso, os governos podem querer direcionar os preços dos alimentos ou atuar contra os especuladores.
As bolsas de derivativos da Ásia estão ganhando participação no mercado nos últimos anos e cresce o interesse dos investidores que querem aplicar seu dinheiro em produtos de derivativos na região. Nesse caso, eles não têm o aborrecimento de ter ou estocar commodities físicas.
Na Índia, por exemplo, o valor acumulado das negociações de futuros de commodities nos nove meses encerrados em dezembro subiu 50%, para 82,7 trilhões de rupias (US$ 1,81 trilhão), de acordo com dados da Forward Markets Commission, reguladora das operações com contratos futuros no país. No passado, o governo indiano chegou a suspender transações com futuros em itens politicamente sensíveis. E as autoridades ainda relutam em suspender controles de exportação, apesar do crescimento dos estoques domésticos.
Na China, depois que os preços de algodão, açúcar, borracha e milho alcançaram níveis recorde em novembro, o governo solicitou às bolsas de contratos futuros que elevassem as margens de negociação, em alguns casos em mais de 10%.

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