quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

INSUMOS: PRODUTOR TERÁ SOJA DE MÚLTIPLA RESISTÊNCIA EM 11/12

Os produtores brasileiros de soja devem se beneficiar dos avanços da pesquisa sobre o controle de importantes pragas e doenças da cultura a partir da safra 2011/12. Depois da experiência com o lançamento de uma semente de soja convencional resistente à ferrugem, há dois anos, a Embrapa Soja e a Fundação Mato Grosso agora desenvolvem sementes que sejam tolerantes à doença, mas que também seja transgênica, resistente ao herbicida glifosato. O novo insumo deve ser disponibilizado para plantio já na próxima safra 2011/12. Ao mesmo tempo, ambas as empresas de pesquisa trabalham no desenvolvimento de sementes que sejam tolerantes à ferrugem e, ao mesmo tempo, a nematoides. Esta deve estar disponível a partir de 2012.
No longo prazo, a ideia é ter isso tudo em apenas uma semente de soja - tolerância a ferrugem, nematoides e glifosato. Pesquisadores públicos e privados estão juntos no desenvolvimento de cultivares que agregam múltiplas resistências em apenas um produto, de olho nas necessidades cada vez mais complexas dos produtores brasileiros, em especial os do Cerrado.
A expectativa é de que os novos produtos sejam rapidamente absorvidos pelo mercado. "A ocorrência de nematoides é um problema grave em Mato Grosso", explica Sérgio Suzuki, pesquisador da Tropical Melhoramento & Genética (TMG), parceira da Fundação MT, e um dos integrantes do chamado projeto Inox, que desenvolveu a primeira semente de soja resistente à ferrugem, lançada em 2009/10. Segundo ele, a praga restringiu a área de abrangência da soja resistente apenas à ferrugem, por isso a decisão de agregar outras tecnologias à mesma semente.
Nematoide é um verme de solo, minúsculo, que entra nas raízes e dificulta a absorção de água e nutrientes. Estima-se que 90% das áreas de soja de Mato Grosso tenham o problema. A semente resistente a nematoide/ferrugem deve estar disponível em 2012.
Antes disso, porém, a Fundação pretende lançar, já para o plantio da safra 2011/12, uma semente - transgênica - que além da ferrugem também seja resistente ao glifosato. "Como o uso do transgênico cresceu no Cerrado, decidimos lançar uma versão geneticamente modificada da semente, com resistência ao glifosato", afirmou Suzuki.
A Embrapa Soja vai no mesmo caminho. Na atual safra 2010/11 estão sendo colhidas as primeiras lavouras plantadas com a cultivar não transgênica resistente à ferrugem desenvolvida pela empresa estatal de pesquisa. Ali também cultivares resistentes ao herbicida glifosato e ao nematoide estão sendo criadas, segundo o pesquisador Odilon Lemos de Mello Filho. Ainda não há um prazo definido para liberação para o mercado.
Além das sementes resistentes, as unidades Cerrado e Soja da Embrapa Cerrado também esperam disponibilizar uma variedade superprecoce da oleaginosa, com um ciclo entre 90 e 100 dias, ou seja, até 30% menor que os das variedades atuais. De acordo com Sebastião Pedro da Silva Neto, coordenador de pesquisa com soja da Embrapa Cerrado, esse tipo de semente permite que o produtor tenha uma janela maior para o plantio da safrinha de milho ou de algodão, além de incentivar o cultivo de outros produtos como sorgo e trigo, sem auxílio de irrigação. "Quem planta a safra hoje tem que enfrentar o risco climático", diz. "Todo o Centro-Oeste do País tem potencial para ter duas safras".
Silva Neto ressalta que o desenvolvimento desse tipo de semente atende uma demanda dos produtores do Cerrado. "Hoje em dia custo das lavouras está muito alto, o produtor precisa girar rápido o capital. Além disso, a nova semente estimula a rotação de cultura, que é saudável para o campo porque corta o ciclo de pragas e forma mais palha para o plantio direto".
Resultados - A chamada soja Inox, da Fundação MT, foi plantada em cerca de 150 mil hectares na primeira safra em que foi lançada, em 2009/10. No atual ciclo, a área de plantio recuou para 100 mil hectares, por causa de problemas na produção da semente. Os resultados apurados, contudo, foram satisfatórios, afirmou Suzuki. "Não esperávamos zerar a aplicação de fungicidas para ferrugem. Sabíamos que a semente permitiria um controle melhor da doença e reduziria as aplicações a uma ou duas por ciclo. Isso aconteceu. Levantamentos feitos junto aos produtores mostraram que eles ficaram satisfeitos com o desempenho do insumo. No campo, a semente provou ser eficiente", afirmou.
Mello Filho, da Embrapa, a vantagem do produto é o melhor controle das lavouras. "O avanço do fungo na lavoura fica mais lento, isso facilita o manejo", afirmou. Como a semente da Embrapa começou a ser comercializada apenas em 2010/11, a empresa ainda não tem dados consolidados sobre o desempenho do insumo, mas o pesquisador atesta que, em algumas lavouras, ciclo pode ser encerrado sem a aplicação de fungicidas.

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