quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ALGODÃO: PREÇO E OFERTA JÁ COMPROMETE INDÚSTRIA.

Algumas indústrias têxteis podem suspender suas atividades temporariamente por causa da escassez de algodão no mercado interno e da disparada dos preços da fibra em um curto espaço de tempo, o que dificulta o repasse da alta para o produto final, segundo analistas consultados pela Agência Estado. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq, alertou em seu relatório semanal que algumas empresas estão "no limite da resistência para compras, optando por prorrogar as aquisições e, até mesmo, dando férias coletivas."
A cotação doméstica do algodão acumula ganho de 180% em 12 meses, enquanto na ICE, em Nova York, o avanço é de 130% no período. Ontem, o indicador Cepea/Esalq com pagamento em oito dias fechou cotado a R$ 3,977 (R$ 131,52 por arroba), uma alta no mês de 11%, mas já há registros de negócios fechados a R$ 4,05. Em 23 de fevereiro de 2010, o indicador estava em R$ 1,4266 por libra.
"As indústrias têxteis conseguem manter estoques para dois meses. O volume armazenado para até fevereiro está acabando, março está começando e não tem algodão no mercado. Percebemos que algumas fábricas vão fechar as portas temporariamente porque não têm condições de repassar para o produto final esse custo elevado. Elas preferem esperar a colheita e a (provável) baixa dos preços", disse o analista Fernando Terao, da Informa Economics FNP.
Marcio do Rego Freitas, consultor da Hórus Algodão, afirmou que na semana passada as fábricas chegaram a comprar a libra-peso do algodão por R$ 4,05 a R$ 4,07. Segundo ele, a esse preço, a indústria teria que vender o fio de qualidade menor a pelo menos R$ 12 o quilo, contra R$ 6 a R$ 7 há um ano. "Agora o mercado travou de tal forma que não há comprador. Com essa alta toda, as roupas de inverno teriam um acréscimo de 40% ou mais", disse ele.
O consultor lembra que o consumo deve voltar a subir em junho, quando entra no mercado a safra 2010/11 do algodão. Os preços, contudo, devem continuar voláteis, já que há negócios fechados para julho a setembro que vão de R$ 2,20 a R$ 3,10 a libra-peso. "Não dá para firmar uma perspectiva", disse ele.
O Cepea afirma em seu relatório semanal que os produtores também estão concentrados na colheita da soja e na finalização do cultivo do algodão de segunda safra, destacando que neste período não há necessidade de caixa elevado. Dessa forma, a prioridade neste momento não é a venda da fibra. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária informou nesta semana que o plantio do algodão foi finalizado no Estado, maior produtor nacional da commodity. "Apesar dos contratempos climáticos, os bons preços no mercado interno, e principalmente no mercado internacional, empolgam os cotonicultores", disse o Imea em seu comunicado semanal. A área total semeada no principal Estado produtor é de um recorde de 671,1 mil hectares, contra 419,2 mil em 2009/10.
Mercado internacional - Depois de atingir a máxima intradia de 208,93 centavos de dólar por libra-peso na sexta-feira passada (18), as cotações na Bolsa de Nova York vêm recuando, em um movimento de correção com realização de lucros. Para Terao, da Informa, esse movimento pode se replicar no mercado brasileiro. "Se em NY os preços estiverem mais baratos, os brasileiros vão parar de jogar algodão lá fora e vai ter mais oferta aqui. Aí os preços vão cair. Se o algodão continuar com essa movimentação, num futuro bem próximo talvez tenhamos uma realização nos preços internos, mas é difícil prever no curto prazo", afirmou ele, evitando fazer previsões. Cerca de 60% da safra já foram comercializados, mas ainda não se sabe quanto do volume irá para exportação.
Hoje, as cotações do algodão permanecem em declínio na ICE, após o economista-chefe do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Joe Glauber, ter informado que a produção norte-americana na próxima temporada 2011/12 deve subir 6,4% na comparação com as atuais estimativas do governo para 2010/11.
Os preços elevados devem incentivar mais produtores dos Estados Unidos - principal exportador de algodão do mundo - a expandir a produção no próximo ano-safra, que começa em agosto. O contrato maio operou no limite diário de queda, com variação negativa de 3,8%, cotado a 177,23 centavos por libra-peso.
Os dados foram divulgados durante o Agricultural Forum Outlook 2011, evento organizado pelo USDA, e que ocorre entre hoje e amanhã, em Arlington, Virginia. A produção de algodão foi estimada em 19,5 milhões de fardos de 480 libras-peso (4,24 milhões de toneladas) em 2011/12, ante 18,32 milhões de fardos (3,96 milhões de t) em 2010/11. A área plantada com algodão deverá crescer para 12,75 milhões de acres (5,16 milhões de ha), ante 10,97 milhões de acres na safra passada.
China - As importações do maior comprador de algodão do mundo alcançaram 390.720 toneladas em janeiro, alta de 31% frente ao mesmo período de 2010, mas 15% abaixo das 461.700 toneladas adquiridas em dezembro, disse hoje a Administração Geral Alfandegária do país. Segundo informações da Dow Jones, no ano passado, a China importou 2,8 milhões de toneladas, volume 86% superior ao de 2009, segundo dados do órgão.

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