sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

SOJA/FRETE SOBE E REDUZ RENTABILIDADE EM MT E PR

Os custos do frete rodoviário devem aumentar de 10% a 15% nesta safra em Mato Grosso por causa do atraso na colheita da soja no Estado e do consequente acúmulo do escoamento junto com o transporte da produção do Paraná, onde a tarifa deve subir até 25%.
Ambos os Estados são, respectivamente, primeiro e segundo maiores produtores da oleaginosa no País e a concorrência por caminhões vai elevar o preço pago para transportar o grão das áreas produtoras para os portos. Normalmente, de um ciclo para outro, o frete aumenta de 5% a 10%, em média. O custo maior do escoamento vai corroer parte da boa rentabilidade que o sojicultor terá neste ano-safra, de acordo com analistas consultados pela Agência Estado.
Nas contas de Aedson Pereira, analista da Informa Economics FNP, o produtor de Rondonópolis, sul de Mato Grosso, deve receber pela saca um preço médio de R$ 42 em 2010/11, R$ 1 a menos do que receberia se o frete de R$ 130 do ano passado tivesse se mantido. Atualmente, o custo de transportar a produção de lá para o porto de Paranaguá é estimado em R$ 145 por tonelada, um aumento de 11,5% no ano.
Em Sorriso, outro importante polo produtor, no médio-norte de Mato Grosso, portanto mais distante do porto, o preço médio da saca neste ano ficará em R$ 37,89, considerando um frete de R$ 215 por tonelada. Se a tarifa tivesse permanecido em R$ 200 por tonelada como no ano passado, o produtor receberia R$ 38,79 por saca.
No Paraná, onde o custo de escoamento é bem menor devido à proximidade dos portos de Santos e Paranaguá, a perda seria bem menor caso o custo de escoamento fosse o mesmo da temporada passada. A estimativa média para o frete neste ano é de R$ 50 por tonelada, 25% mais que os R$ 40 da safra 2009/10. Isso deve resultar em um preço médio ao produtor de R$ 47,79, menos que os R$ 48,39 que receberia com o frete do ano passado.
"Além do atraso na colheita, haverá uma aglutinação no escoamento porque Paraná e Mato Grosso estarão colhendo volumes significativos ao mesmo tempo. Há uma demanda muito forte por caminhões. Um frete alto prejudica o preço que será oferecido ao produtor, porque a paridade de exportação leva em consideração o valor na bolsa em Chicago, mas também o frete", avaliou Pereira, explicando que, normalmente, o aumento esperado para o frete de um ano para o outro é de 5% a 10%. "Isso acaba desestimulando um aumento de produção."Ainda assim, ressalta ele, com os preços em Chicago em torno de US$ 13 a US$ 14 por bushel, o produtor mato-grossense este ano será favorecido com uma boa margem, de cerca de 45%.
Área - Sávio Pereira, coordenador-geral de Oleaginosas e Fibras do Ministério da Agricultura, defende que a baixa taxa de expansão da área de soja em Mato Grosso e no País deve-se, em parte, ao gargalo logístico, que eleva muito o custo do transporte da produção. "O Brasil não deveria estar plantando muito mais soja ? Acho que sim. Mas parte desses US$ 13, US$ 14 vistos em Chicago vão para pagar a ineficiência de nosso sistema de escoamento", disse Pereira à Agência Estado, para quem o Brasil poderia estar produzindo perto de 90 milhões de toneladas de soja, 20 milhões de t mais do que o esperado pelo governo para este ciclo, não fossem os custos relacionados ao frete e também às questões ambientais.
"Se amanhã o frete caísse para R$ 5 por tonelada, haveria um incentivo grande para o plantio. Em compensação, se Chicago cair para US$ 9, ficaria inviável plantar em Mato Grosso porque esse preço não compensaria o custo de produção", completou o analista do Ministério.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), desde a safra 2004/05, Mato Grosso aumentou em apenas 3,3% sua área plantada com soja, passando de 6,1 milhões de hectares para 6,3 milhões em 2010/11. No País, o aumento foi de 3,4% no mesmo período, apesar da demanda crescente e contínua no mundo.
A solução para Aedson Pereira, da Informa, seria o investimento em ferrovias para diminuir a dependência do transporte rodoviário. "A soja vem ganhando muito em produtividade e a estrutura não comporta o tamanho da safra de Mato Grosso. Falta estrutura tanto de escoamento quanto de armazenagem."
Nesta semana foram lançadas as obras do Terminal Ferroviário de Itiquira (MT), a terceira estação da Ferronorte, com 6 quilômetros de extensão e perspectiva de inauguração em agosto. De Itiquira, o próximo trecho será até Rondonópolis, previsto para agosto de 2012, segundo o Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt).
O projeto da ferrovia prevê a ligação de Mato Grosso, a partir de Cuiabá, ao porto de Santos. Segundo o presidente do Sistema Fiemt, Jandir Milan, a ferrovia e a concretização da BR-163 deve reduzir o frete em Mato Grosso em 25%.
A rodovia BR-163 liga Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Pará, passando por vários polos importantes produtores de soja. Entretanto, no trecho entre o norte de Mato Grosso e o Pará a via não é asfaltada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog

Quem sou ?

Minha foto
SÃO PAULO, CAPITAL, Brazil
CORRETOR DE COMMODITIES.

whos.amung.us

contador de visitas