segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

SOJA-RELATÓRIO SEMANAL CÉLERES.

I N T E R N A C I O N A L - Nos pregões da semana passada, verificou-seuma significante retração nas cotações da soja negociadas na Bolsa de Chicago. Acredita-se que a pressão temporária sobre os preços da oleaginosa não deverá se sustentar após a colheita da safra na América do Sul.
Em valores, o vencimento Março/11 terminou a semana valendo US$ 13,68/bushel, ante US$ 14,16/bushel da semana precedente. No intervalo de trinta dias, essa mesma referência de preço no mercado internacional era de US$ 14,13/bushel.
Visando as estratégias de compra e venda no período de entressafra mundial da soja, observou-se que as retrações foram menores, comparando o intervalo de um mês. Os negócios para o vencimento Julho/11 fecharam a semana valendo US$ 13,89/bushel. Há um mês, a cotação dessa referência era de US$ 14,28¼/bushel.
Os principais fatores que influenciaram fundamentalmente a movimentação dos preços em Chicago na semana passada foram: as boas notícias quanto ao desenvolvimento da etapa final da safra de soja sul-americana, o cancelamento de compras futuras da produção de soja 2011/12 dos EUA e a redução das importações chinesas após as medidas de retenção do processo inflacionário no país.
Diante desse contexto de mercado, a tendência natural é de que haja realização de lucros por parte dos grandes fundos investidores. Portanto, boa parte das quedas que ocorreram nos últimos dias é justificada por esse motivo.
Para o médio prazo (meio do ano), as expectativas ainda são de preços em patamares significativamente elevados. Tal leitura tem como embasamento o quadro crítico da oferta de soja frente ao abastecimento da demanda para esse ano.
Doméstico - Em linha com as cotações de curto prazo do mercado internacional, os preços da soja no mercado disponível brasileiro também reportaram pequena retração na semana passada.
Nas praças pesquisadas pela Céleres, os preços negociados pela soja no disponível terminaram a semana com queda de 1,7%. No intervalo de trinta dias, as cotações também reportaram queda: -2,8%.
No porto de Paranaguá, o mercado de prêmios de exportação registrou alta de US$ 0,07/bushel, mostrando-se positivo para os contratos com entrega em março/2011. As referências para esse vencimento ficaram em: US$ 0,35/bushel para a compra e US$ 0,40/bushel para a venda. A cotação da soja em Paranaguá terminou a sexta-feira na casa de US$ 30,8/saca (queda de 3,1% na semana).
Mercado de exportação global de soja mostrou-se mais favorável para o Brasil em 2010/11. Até agora as estimativas para a safra de soja 2009/10 para os países com maior volume de produção mostraram que o cenário de escassez do produto ainda será realidade ao longo deste ano, o que deve favorecer o mercado de exportação no Brasil.
Tal contexto é decorrente essencialmente de dois fatores, um deles impacta diretamente sobre a oferta da commodity: as adversidades climáticas sobre as lavouras na Argentina (3° maior produtor mundial). Em ano de LaNiña, a expectativa para o volume produzido no país saiu de 55 milhões t, no início do ano safra, para pouco mais de 47 milhões t, atualmente. Além disso, os estoques de passagem dos Estados Unidos (maior produtor mundial) estão em patamares críticos de abastecimento da sua demanda total - com aproximadamente 15 dias de autonomia (3,8 milhões t).
O segundo fator que tem agravado o quadro de disponibilidade da oleaginosa diz respeito ao aquecimento da demanda mundial. Nos últimos cinco anos a demanda global por soja cresceu 38,8%, com destaque para o consumo chinês que vem quebrando recordes históricos – a China quase dobrou as importações nesse mesmo período (98,4% maior).
Uma vez estabelecido o cenário de desequilíbrio entre a oferta e a demanda, analisam-se os impactos sobre o comércio de soja entre os principais players do produto no mercado mundial.
Em números, para 2010/11, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê o market share da exportação global de soja (98,6 milhões t) assim: os EUA, com 43,9% do mercado mundial; o Brasil, com32,7% e; a Argentina, com 11,8%.
Quanto às participações sobre o volume total de importação mundial, também para 2010/11, têm-se os seguintes players: a China, com 59,5%; União Européia (27 países), com 14,6%; e o Japão com 3,6%.
Na perspectiva de uma safra recorde de sojapara o Brasil (±70 milhões t), acredita-se que a adversidade nos demais mercados concorrentes do país torna-se uma oportunidade para ganho de market share nas exportações globais. Essa leitura é bastante positiva para os produtores, pois dá margem para que novos investimentos no setor agrícola do país sejam efetuados.
Todavia, nesse contexto de mercado mundial, os ganhos maiores de participação/lucro da produção brasileira esbarram em problemas estruturais de competitividade – com destaque para o problema referente aos custos com a logística de escoamento da produção.
Falta de chuvas durante o desenvolvimento das lavouras mais tardias retomam as preocupações quanto à produção de soja na Argentina. De acordo com as informações da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, observou-se até a semana passada que a falta de chuvas tem prejudicado o desenvolvimento das lavouras tardias e de segunda safra. Tal contexto retoma o temor quanto aos baixos volumes de produção de soja para o país, pois boa parte das lavouras já está nos estágios reprodutivos, variando entre plena floração e frutificação. Um ponto positivo que tem ajudado o quadro de desenvolvimento das lavouras foi o registro de chuvas nos últimos meses, dando condições para suportar a falta de chuvas dos últimos dias.
NA C I O N A L - Com base no acompanhamento semanal do desenvolvimento da safra de soja no Brasil, realizado pela Céleres®, estima-se que até a última sexta-feira 96% das lavouras de soja tenham passado pelo estágio de floração, ante 92% registrado mesmo período do ano passado.
Na sequência do ciclo evolutivo da planta de soja, a fase de enchimento de grãos registrou 81% contra 72% da semana e ano passados. Em relação aos últimos cinco anos, o desenvolvimento dessa etapa está dentro da média histórica (80%).
Finalizando os estágios de reprodução, tem-se que 45% dos campos da soja brasileira tenham passado pela fase de maturação, ante 42% registrado para a mesma época do ano anterior.
Portanto, chega-se à conclusão de que quase metade das lavouras de soja no país está pronta para dar início aos trabalhos de colheita.
Em valores, estima-se que a colheita do grão tenha atingido 14% da área plantada, ante 9% da semana passada. No mesmo período do ano passado o ritmo de colheita estava em 19%. A média calculada para as últimas cinco safras é de 10%, considerando esta época do ano.
Portanto, observa-se que mesmo com o ritmo um pouco mais adiantado para o ciclo da soja, em relação ao ano passado, há um pequeno atraso nos trabalhos de colheita. Esse contexto justifica-se pelo excesso de chuvas sobre as principais áreas de produção nacional na hora de colher.
No geral, os produtores seguem de olho no clima, com o foco no controle da ferrugem asiática e início dos trabalhos de semeadura da safra de inverno.
Pelo lado da comercialização, observou-se avanço de um ponto percentual na estimativa de vendas nacional. O percentual de venda da produção 2010/11 ficou em 53% até a semanapassada, contra 52% da semana passada e apenas 29% observado no mesmo período do ano anterior. A média de cinco anos reportou valor de 44%.
O atraso na colheita contribui para minimizar o impacto do aumento da oferta sobre os preços no mercado doméstico. Com isso têm-se notícias de que os produtores estão vendendo à medida que é efetuada a colheita.
Preços pagos no mercado doméstico confirmam o apetite da indústria brasileira em relação à paridade de exportação.
Por meio de pesquisa diária dos preços da soja no mercado doméstico, também realizada pela Céleres®, observou-se que os preços pagos para os produtores no mercado disponível estão mais favoráveis do que os pagos no mercado de exportação. Mesmo com a escassez do produto, registro de menos de 15% da produção colhida, e prêmios de exportação mantidos em patamares positivos, essa realidade faz parte do contexto atual de comércio.
Além disso, a cotação da taxa de câmbio não tem contribuído para a formação do preço pago pelo mercado exportador. Nessas condições, o preço pago via paridade de exportação não tem conseguindo competir com a demanda da indústria no mercado doméstico.
T E N D Ê N C I A S & E S T R A T É G I A S
A conjuntura para o mercado de soja ainda permanece positiva, mesmo com o registro de queda nos preços. Nesses momentos, é que são testados os nervos dos agentes que trabalham comprando e vendendo soja.
Nesse sentido, voltamos à máxima que costumamos a utilizar em nossos boletins: é importante controlar a euforia nos momentos de alta e mais impor tante ainda filtrar o fator emocional na hora das baixas. Esses conceitos fazem bastante sentido para quem constrói uma estratégia sólida e, além disso, monitora diariamente as premissas consideradas em seu negócio. Ou seja, comprar e vender exige medidas de segurança, sejam elas através das travas financeiras disponíveis nos mercados futuros ou até mesmo na compra dos insumos para o decorrer da safra. No caso de especulação, saber inverter entre posição comprada e vendida é crucial, mesmo registrando alguns prejuízos.
Espera-se que até os primeiros números de plantio da safra 2011/12 nos EUA saírem, haverá grande volatilidade para os preços da soja.
Recentemente a relação entre os preços do milho e da soja em Chicago ficou abaixo do patamar de 2:1, o que deve aumentar decididamente a disputa de área plantada entre essas culturas nos EUA.
O importante é ter foco no objetivo previamente traçado, independente se o mercado vai cair ou subir mais. Nesse sentindo, mantemos a nossa recomendação de suspensão das vendas, calcada nas premissas fundamentais do mercado.

As informações contidas nesse relatório foram obtidas em fontes consideradas confiáveis. A Céleres não garante que essas informações são completas e não pode ser responsabilizada por elas. As opiniões e análises expressas nesse relatório refletem o julgamento da data do fechamento do mesmo e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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