segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

SOJA: PREÇO EM CHICAGO ELEVA RENTABILIDADE NO BRASIL

A forte valorização da soja na Bolsa de Chicago tem anulado o efeito da queda do dólar no Brasil e favorecido os produtores do País. Eles terão rentabilidade elevada nesta safra 2010/11, próxima aos recordes do setor, de acordo com analistas consultados pela Agência Estado. "Esse preço bom em Chicago tem neutralizado o câmbio e está fazendo com que as projeções de rentabilidade sejam muito boas. Em Mato Grosso e Goiás a rentabilidade está entre as maiores da história", afirmou Daniele Siqueira, analista da AgRural.
Após várias intervenções do Banco Central, como os leilões de compra e de swap reverso, o dólar subiu de forma moderada em janeiro (alta de 1,32% até sexta-feira).

Em Chicago, o contrato maio da soja praticamente não se moveu no mesmo período: queda de 0,05%. Mas quanto tomadas as comparações anuais as diferenças são contundentes. Nos últimos 12 meses, enquanto o dólar se desvalorizou 10%, o preço da soja em Chicago disparou 51%. Isso se refletiu na formação do preço interno. O indicador da soja calculado pela Esalq/USP, referência para o mercado doméstico, fechou na sexta-feira, dia 28, em $$ 49,55 a saca, um valor 32,6% maior que os R$ 37,36 apurados na mesma data em 2010. Em dólares, o preço da saca saltou 47%, de US$ 20, para US$ 29,41 nas mesmas bases de comparação.
De acordo com dados da AgRural, a rentabilidade em Sorriso, no médio-norte de Mato Grosso, deve alcançar nesta safra 45%, ou R$ 556 por hectare, o que representa a maior margem da série histórica da consultoria para a região, superando os 43% da safra 2003/04, quando a empresa iniciou seus levantamentos. Em termos absolutos, a margem foi de R$ 470 naquele ano. Em Rio Verde, Goiás, a previsão é de margem de 73%, ou R$ 848 por hectare, valor que fica atrás apenas dos 90%, ou R$ 948 por ha, registrado em 2007/08.
A analista Daniele Siqueira destaca, entretanto, que a parcela de soja comercializada de forma antecipada em 2010/11 foi grande, o que "significa que muitos produtores acabaram não vendendo em preços tão interessantes como os registrados agora". Mas ela pondera que, de modo geral, mesmo para esses produtores que venderam a preços mais baixos, a rentabilidade será elevada.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a AgRural estima que 62% da safra foi comercializada até dezembro, antes portanto da colheita da oleaginosa. Em Goiás e Distrito Federal a estimativa é de 49%, enquanto que no Paraná, segundo maior produtor, a previsão é de 28%.
No Paraná, os produtores da região de Cascavel devem apurar margem de 81%, ou R$ 938, um bom nível, embora abaixo do recorde de 2007/08, quando chegou a 108%, ou R$ 1.261 por hectare. O Estado tradicionalmente comercializa sua produção mais tarde que o Centro-Oeste, já que é favorecido pela maior proximidade com os portos e melhor capacidade de armazenagem. Com isso, a média de preço dos paranaenses calculada pela consultoria, R$ 42 por saca, está mais próxima do preço praticado no mercado físico, de cerca de R$ 49/saca no Paraná. Em Mato Grosso e Goiás, os preços médios apurados pelos produtores até agora são, respectivamente, R$ 34 e R$ 38, ante preços no físico de R$ 39 e 45.
A tendência é a de que as cotações internacionais da soja continuem em patamares elevados, uma vez que a oferta é apertada, com projeções de estoques finais nos Estados Unidos em níveis precariamente baixos ao final da temporada. Ao mesmo tempo, a demanda continua aquecida, principalmente com as aquisições contínuas da China.
"O Brasil talvez tenha uma safra recorde. E será uma safra enorme com preços muito bons. O cenário está todo a favor do Brasil", afirmou Daniele.
Na avaliação da consultoria Céleres, a rentabilidade no Brasil deve ficar entre 20% e 45%, dependendo da região. Os preços rentáveis favoreceram a comercialização antecipada, calculada em 65% em Mato Grosso e 40% no Paraná até 21/1. "Essas margens são altas porque o produtor teve um custo de produção em patamares não elevados. Em Mato Grosso ficou em torno de R$ 26 a saca para um mercado que está pagando em torno de R$ 40 para exportação", disse o analista da Céleres Leonardo Menezes.
Na opinião dele, o produtor agora precisa decidir se vai segurar as negociações que ainda podem ser feitas ou se venderá à medida que a colheita for efetuada. "A perspectiva é muita boa mesmo para quem comercializou bastante", diz. Neste sentido, o produtor brasileiro vive o que alguns chamam de "bom problema". No caso, decidir para vender a preços remuneradores neste momento ou esperar para ver se o mercado vai elevar o prêmio para quem ainda tem soja em mãos nos meses à frente.

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