quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SOJA: NICHO DE MERCADO ESTIMULA PLANTIO CONVENCIONAL.

Os prêmios pagos pela soja convencional, em média de R$ 2 por saca, vêm convencendo alguns sojicultores brasileiros a destinarem ao menos uma parte de sua produção ao grão que não foi geneticamente modificado. As vantagens da soja transgênica (OGM) são o controle mais fácil das ervas daninhas, a menor suscetibilidade da planta ao clima e o número inferior de aplicações de herbicidas, mas o custo de produção e a produtividade têm sido equivalentes ao do plantio convencional. Como há um nicho de mercado para o produto não transgênico, a tendência, segundo analistas, é de o produtor com condições de segregação continuar reservando espaço para a soja convencional.
De acordo com Jorge Attie, analista da Céleres, estudos da consultoria elaborados no mês passado mostram que a produtividade da soja convencional é a mesma da transgênica tanto em Mato Grosso - 3.300 quilos por hectare - quanto no Paraná - 3.180 quilos. Já no caso do milho, cujo plantio transgênico cresce a cada safra, a diferença é significativa. No caso de Cascavel, no oeste paranaense, o rendimento do produto convencional alcança 7.320 quilos por hectare, ante 7.800 kg/ha do OGM.
O custo de produção da soja também não varia muito, segundo Attie. Em Mato Grosso, é de R$ 1.381 por hectare para a soja convencional e de R$ 1.378 para a transgênica, conforme a Céleres. No Paraná, o custo da convencional chegou a R$ 1.319 por hectare, contra R$ 1.289 para a geneticamente modificada.
Gilberto Guarido, engenheiro agrônomo da cooperativa paranaense Coamo, diz que os produtores que optam pela soja convencional apóiam-se na expectativa em relação ao prêmio e na boa produtividade de algumas variedades. Na sua opinião, no entanto, essa diferença de preço deve deixar de existir. "A tendência é que isso diminua até desaparecer. À medida que os mercados vão tomando consciência de que não há diferença significativa (na qualidade) de uma soja para outra, não vão querer pagar mais por uma coisa que é igual", disse ele, explicando que a Coamo paga de R$ 1 a R$ 2 a mais pela saca de soja convencional. Segundo Guarido, os cooperados da Coamo dedicam apenas uma parte da área à variedade convencional; a maior parte da lavoura é transgênica
Plantio no Brasil - A Céleres estima que na safra 2010/11 os agricultores brasileiros tenham semeado 18,1 milhões de hectares com variedades de soja transgênica, ou 76,2% da superfície total. Em Mato Grosso, maior produtor nacional da oleaginosa, a proporção é menor que a verificada nos Estados do Sul, região pioneira na adoção do grão geneticamente modificado: 66,8%, contra 75,9% no Paraná e 99,8% no Rio Grande do Sul, respectivamente o segundo e terceiro Estados produtores.
Em Mato Grosso, a concentração de lavouras convencionais se dá na região oeste, onde, segundo Luiz Nery Ribas, gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Estado (Aprosoja), muitos produtores ainda plantam exclusivamente soja não transgênica. Esses sojicultores se beneficiam da proximidade com o porto de Itacoatiara, no Amazonas, por onde se escoa apenas soja convencional, destaca Ribas.
Em Mato Grosso, o prêmio gira em torno de R$ 2 a saca, mas pode chegar a até R$ 5/saca, diz o representante da Aprosoja. "O prêmio garante maior rentabilidade a esse produtor, que ainda se beneficia pelo não pagamento dos royalties (cobrados na soja transgênica). Isso estimula o plantio", diz Ribas. Ele enfatiza, ainda, o fato de que alguns insumos usados na soja tiveram seus preços reduzidos após a implantação da soja geneticamente modificada, o que também favoreceu o plantio convencional.
Segundo Ribas, Mato Grosso vem recebendo muitas missões da Coreia, Japão, China e Europa interessadas na soja convencional. O principal mercado é o europeu, onde ainda existem fortes restrições em relação aos organismos geneticamente modificados.

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