sexta-feira, 18 de março de 2011

SOJA-COLHEITA/MT AVANÇA, FALTAM 2 MILHÕES DE HECTARES

Os produtores de Mato Grosso conseguiram colher nesta semana 1,064 milhão de hectares de soja, apesar da continuidade das chuvas na maioria das regiões. O avanço foi de 16 % em relação à semana passada e a colheita atingiu 66,6% dos 6,413 milhões de hectares plantados nesta safra, registrando o melhor desempenho desde o início dos trabalhos. Entretanto, ainda faltam 2,142 milhões de hectares para serem colhidos. Na mesma época do ano passado, a colheita da soja havia atingido 93% da área cultivada de 6,122 milhões de hectares da safra 2009/10, e faltavam apenas 428,6 mil hectares para serem colhidos. Os dados são do levantamento semanal de evolução da colheita do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), vinculado à Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso.
Segundo a analista de grãos do Imea, Maria Amélia Tirloni, a situação atual da colheita da soja em Mato Grosso é preocupante, pois existe uma área expressiva a ser colhida e a expectativa é de continuidade das chuvas na próxima semana. Ela observa que os agricultores conseguiram o bom desempenho nesta semana porque trabalharam dia e noite, aproveitando os intervalos das chuvas para colher a soja, que pode perder qualidade no campo.
Na opinião da analista, as fortes chuvas atuais são responsáveis pelo atraso da colheita, pois o plantio começou mais tarde no terceiro trimestre do ano passado, mas os trabalhos foram encerrados dentro do período recomendado. Ela acredita que o encerramento da colheita deve demorar mais três semanas e diz que por enquanto ainda não é possível estimar as quebras provocadas pelo excesso de chuvas. Os relatos de prejuízos são pontuais, principalmente na região oeste, onde um produtor teve perda total de 500 hectares. A estimativa de produção do Imea se mantém em 19,247 milhões de toneladas e deve ser revista após o término da colheita.
A situação é mais grave no município de Campos de Júlio (750 km a noroeste de Cuiabá), onde os agricultores enfrentam problemas de quebra por excesso de chuvas, descontos nos preços por parte das tradings e dificuldades para escoar a safra, por causa das más condições das estradas. Ademir Rostirolla, presidente do sindicato rural de Campos de Júlio, estima que a quebra provocada pelo excesso de chuvas no município está em torno de 10%. Ontem os produtores conseguiram colher, mas hoje suspenderam os trabalhos por causa da volta das chuvas, diz ele.
Rostirolla relata que os agricultores estão indignados com os descontos impostos pelas tradings por causa da perda de qualidade dos grãos. Ele conta que ontem entregou soja de um mesmo talhão em duas tradings e as classificações nos armazéns das empresas foram diferentes, houve desconto de 20% sobre o preço da soja, enquanto noutro foi de apenas 7%". Ele diz que a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja) deve se reunir com as tradings para estabelecer padrões "menos subjetivos de classificação, pois a sobra técnica no final da safra fica sempre para a empresa dona do armazém".
Campos de Júlio e municípios vizinhos, como Sapezal e Campo Novo do Parecis, também enfrentam o problema da alta do frete, decorrente da concentração da colheita nas tréguas das chuvas, que provoca congestionamento de caminhões nos armazéns das empresas e interrompe o fluxo de veículos para retirar a soja das fazendas. Segundo Ademir Rostirolla, há casos de caminhões que passam 24 horas na fila aguardando para descarregar. O resultado da falta de caminhões é o aumento do frete. Ele diz que no início da colheita pagava R$ 0,45 por saca e hoje está pagando R$ 1,00.
A retenção dos caminhões tem reflexo também no frete do escoamento da soja dos armazéns para as regiões de exportação. Maria Amélia Tirloni diz que os levantamentos do Imea mostram que o frete de Campo Verde para Rondonópolis está 15% acima do valor registrado em meados de março do ano passado. De Sapezal para Porto Velho a alta é de 11%. No caso de Campo de Júlio, existe o agravante das péssimas condições da estrada MT 388, ligando o município a Nova Lacerda, que ainda não é pavimentada. O presidente do sindicato Ademir Rastirolla diz que o trecho de 100 km que normalmente é feito em 40 minutos no período de seca, nas chuvas pode levar mais de um dia.
Sorriso - No município de Sorriso (412 km ao médio-norte de Cuiabá), maior produtor estadual de soja, com 600 mil hectares cultivados nesta safra, a colheita nesta semana atingiu 75% da área e ainda faltam 150 mil hectares para serem colhidos. Na mesma época do ano passado, 99% dos 594 mil hectares cultivados em Sorriso na safra 2009/10 estavam colhidos. O presidente do sindicato rural do município, Elso Vicente Pozzobon, diz que as chuvas estão atrasando a colheita, mas por enquanto não provocaram prejuízos significativos. Os produtores estão tendo mais dificuldades para colher, mas o sindicato mantém a expectativa de boa produtividade, com produção de duas sacas a mais em relação à safra passada. Pozzobon diz que há três dias não chove em Sorriso e a expectativa é de avanço na colheita na próxima semana, pois a previsão é de trégua nas chuvas.
A região médio-norte, que responde por 40% da área cultivada com soja no Estado, tem a maior área a ser colhida (722,6 mil hectares), apesar de registrar o maior avanço na colheita (71,9%). Na mesma época do ano passado, a colheita havia atingido 98,6% e faltavam apenas 34,2 mil hectares para serem colhidos. Os trabalhos estão mais atrasados na região nordeste de Mato Grosso, que vem sendo castigada pelas chuvas. No nordeste foram colhidos 48,2% dos 694,2 mil hectares cultivados. Na mesma época do ano passado a região já havia colhido 72,4% dos 577,2 mil hectares semeados na safra 2009/10.

  EVOLUÇÃO DA COLHEITA DA SOJA EM MT (em hectares) 

  REGIÕES DE MT ÁREA  18/MAR/10  17/MAR/11  DIFERENÇA 
  Noroeste            261,2    93,60%          63,60%      -30,0%% p.p. 
  Norte                   39,0    97,40%          70,70%      -26,7%% p.p. 
  Nordeste            694,2    72,40%          48,20%      -24,2%% p.p. 
  Médio-norte   2.571,4     98,60%          71,90%      -26,7%% p.p. 
  Oeste                 930,2    94,10%           69,00%      -25,1%% p.p. 
  Centro-sul          413,1    90,20%           62,10%      -28,1%% p.p. 
  Sudeste           1.504,4   92,30%            66,20%      -26,1%% p.p. 
  Total               6.413,5    93,00%           66,60%       -26,4%% p.p.

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